A expectativa antes da bola rolar era de um massacre do Cruzeiro. A lembrança ainda fresca do fatídico 23 de novembro — quando o Corinthians apresentou um futebol irreconhecível — deixava todo mundo com aquele sentimento de terror pré-jogo. Mas o Cruzeiro não encontrou aquele Corinthians remendado, desligado e já entregue no Brasileirão. Pelo contrário: diante dele apareceu um Corinthians de Copas, invicto na competição, sem sofrer um gol sequer, com alma, sangue nos olhos e o peso da Fiel empurrando do primeiro ao último minuto.

E a torcida… a torcida foi um capítulo à parte. A Fiel passou sufoco para chegar: acidentes na Fernão Dias, voos cancelados por causa das ventanias em São Paulo e Minas, ônibus atrasados, caravanas presas no trânsito — mas chegaram. E quando chegaram, tomaram o Mineirão. Era semifinal, era decisão, era Corinthians: quem assistia pela TV jurava que o Timão jogava em casa.

André Carrillo, ainda mordido pelos 3 a 0 do jogo anterior, já tinha avisado nas redes sociais que seria diferente. Dorival Júnior também havia garantido que a postura mudaria nas semifinais. E quando o jogo começou… tudo que prometeram aconteceu.

Imagens retiradas das redes sociais de André Carrillo (@andre_carrillo18).

Primeiro tempo — Corinthians não deixou o Cruzeiro respirar

Logo nos minutos iniciais ficou claro: esse jogo seria outro. O Corinthians adiantou as linhas, encaixou a marcação e não deixou o Cruzeiro fazer o que mais gosta: acelerar pelos lados. O Timão neutralizou as principais armas do adversário e jogou exatamente daquele jeito que a Fiel exige — com raça, entrega, pegada e zero bola perdida.

Aos 22 minutos, veio a jogada que mudou o jogo:

  • Breno Bidon fez uma virada espetacular.

  • Encontrou André Carrillo com uma avenida aberta pela direita.

  • O peruano avançou até a entrada da área e cruzou.

  • Yuri Alberto escorou com inteligência.

  • A bola encontrou Memphis Depay, que deu um toque sutil de cabeça tirando Fabrício Bruno da jogada e Cassio Ramos , se ajeitou e completou para o gol.

Imagens retiradas das redes sociais do Corinthians (@corinthians)

O Mineirão virou Itaquera. Antes do gol já era barulho — depois, a torcida transformou o estádio em caldeirão alvinegro.

O jogo ganhou ainda mais tensão. Cada dividida valia um universo. A intensidade era absurda. E em um desses lances, o zagueiro Villalba, do Cruzeiro, acabou torcendo o tornozelo em disputa com Yuri Alberto e Fabrício Bruno. Ficou caído, virou dúvida pro jogo de volta, mas era semifinal: ele quis ficar, segurou até o fim do primeiro tempo no sacrifício.


Segundo tempo — Cruzeiro melhora, mas o Timão é sólido

Para a etapa final, Jonathan Jesus entrou na vaga de Villalba. E também apareceu quem estava sumido: Matheus Pereira, o jogador decisivo do Cruzeiro, voltou ligado, começou a organizar o time e realmente mudou a dinâmica da partida. O Cruzeiro ganhou volume, tentou empurrar o Corinthians para trás, ocupou mais o campo ofensivo…

Mas nada de furar o bloqueio.

A defesa do Corinthians foi impecável. Hugo Souza trabalhou pouco, é verdade, mas quando precisou, segurou firme. Não deu rebote, não se complicou, não tremeu.

O Cruzeiro se lançou totalmente ao ataque nos minutos finais, como era esperado. Mas o Corinthians jogou com maturidade, inteligência e frieza — soube sofrer, soube fechar os espaços e tratou o jogo como semifinal de verdade.

Com isso, o Timão leva a decisão para Itaquera com a vantagem do 1 a 0. Já foram 90 dos 180 minutos. Agora resta o capítulo final: domingo, às 16h, na Neo Química Arena, o duelo que define quem vai para a grande final.

Se o Cruzeiro tem talento, o Corinthians tem alma.
E ontem, mais uma vez, a Fiel fez a diferença.