Após a vitória sobre o River Plate, que garantiu o Palmeiras na semifinal da Conmebol Libertadores, o técnico Abel Ferreira utilizou a entrevista coletiva para desabafar. O português criticou parte da torcida alviverde que vaiou o time após a eliminação para o Corinthians, nas oitavas de final da Copa do Brasil.
Segundo o treinador, as ofensas ouvidas no Allianz Parque ainda o machucam. Durante o clássico, Abel chegou a aplaudir ironicamente as arquibancadas em meio às críticas recebidas.
“Sabem o que a torcida fez comigo. Eu sou exatamente o mesmo, mas não esqueço o que chamaram a mim e aos meus jogadores. Está marcado no meu coração, sangra por dentro. Dou o melhor para os atletas, e eles também sabem disso. Estamos aqui para trabalhar juntos, buscar o que se encaixa nas características dos jogadores e pensar na reestruturação do clube”, afirmou.

Abel destacou ainda que a postura da torcida influencia diretamente na confiança e no desempenho do elenco. Como exemplo, citou Flaco López e Endrick, que chegaram a ser questionados em determinados momentos e hoje vivem grande fase.
“A energia da torcida é sentida em campo. Quando estão conosco, os jogadores acreditam, a diretoria acredita, e a comissão técnica também. Quando essas quatro pernas da cadeira estão alinhadas, tudo funciona. O Allianz pega fogo e sentimos essa força”, disse.
O treinador também falou sobre o futuro no clube. Sem estipular prazo para assinar a renovação de contrato, Abel indicou que permanecerá no Palmeiras. Ele revelou já haver um acerto para a prorrogação do vínculo até o fim de 2027.
“Sou profissional desde os 18 anos e nunca tive uma líder como a Leila Pereira. Em um momento duro, ela juntou todo o estafe e nos deu apoio. Sou um sortudo por ter uma presidente assim, que está presente nos bons e, sobretudo, nos maus momentos. Costumo dizer: o que é um casamento perfeito? Pessoas imperfeitas que não desistem uma da outra. Não sou perfeito, os jogadores não são, os torcedores também não. Mas fazemos de tudo para não desistirmos dos nossos objetivos”, declarou.
Horas antes da partida, Leila Pereira confirmou publicamente a proposta feita ao português: dois anos de contrato, sem multa rescisória para nenhuma das partes. A negociação, segundo Abel, ocorreu diretamente entre ele e a direção, sem a participação do empresário Hugo Cajuda.
Prestes a completar cinco anos à frente do Palmeiras, Abel Ferreira disputará sua quinta semifinal de Libertadores em seis edições. O técnico, bicampeão da competição, busca agora o terceiro título continental com o clube alviverde.