O vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, voltou a público nesta quarta-feira para negar as acusações de desvio de materiais esportivos fornecidos pela Nike. As irregularidades apontadas constam em um relatório de auditoria solicitado pelo presidente Osmar Stabile, mas, segundo o dirigente, o documento contém falhas graves e conclusões sem fundamento.
A manifestação ocorre um dia após Armando prestar depoimento à Polícia Civil no inquérito que apura possível furto qualificado. Diante da imprensa, ele foi categórico ao negar qualquer uso indevido de materiais do clube.
“Eu nunca desviei material do Corinthians. Nunca utilizei nada de forma irregular. Quando uso algo, é apenas para representar o clube em viagens e compromissos institucionais. O relatório é falho e me acusa de coisas que não fiz”, afirmou.
O vice-presidente criticou diretamente o diretor de Tecnologia, Marcelo Munhoes, responsável pela auditoria. Segundo ele, o descontrole na retirada de materiais ocorreu durante a gestão de Augusto Melo, mas processos teriam sido corrigidos após a posse de Stabile. Armando citou uma redução de 25% nos pedidos à Nike como exemplo de reorganização interna.
Ele também defendeu o atual presidente, afirmando que Stabile não extrapolou cotas contratuais e atribuiu o excesso de pedidos ao período de transição ainda sob responsabilidade de Augusto Melo, em janeiro. Armando chegou a pedir a contratação de uma auditoria externa e independente.
“Se uma auditoria séria provar que eu desviei um único grampo, eu renuncio no dia seguinte”, declarou.
Armando contestou ainda a acusação de que teria retirado 131 itens entre junho e outubro de 2025. Segundo ele, muitos pedidos aparecem em seu nome apenas por ser o aprovador final no sistema. Alegou que 84 dos itens não foram retirados para seu uso e que os demais estavam relacionados a atividades institucionais do clube. Para comprovar, exibiu aos jornalistas as requisições cadastradas.
Do total de itens que diz não ter utilizado, 62 seriam transferências administrativas entre o CT Joaquim Grava e o Parque São Jorge. O restante atendia solicitações de outros setores, como diretoria jurídica, segurança, FPF e áreas envolvidas em eventos internos.
O dirigente também rejeitou ser o principal destinatário das chamadas “camisas de relacionamento” usadas em dias de jogos. Disse que utilizou esse tipo de camisa apenas duas vezes, entregando cinco unidades ao todo, e ressaltou que itens não usados retornam ao almoxarifado.
Sobre as camisas especiais com patches da NFL, Armando afirmou que apenas pediu a separação das 19 peças restantes para que o clube decidisse posteriormente como distribuí-las. Disse ainda que a requisição aberta em seu nome foi cancelada sem sua solicitação e que o material continua armazenado.
O vice-presidente repudiou também as acusações de ter intimidado Munhoes durante o processo de auditoria.
“Eu não ameacei ninguém. Isso é crime. Ele está me imputando um crime”, declarou. Armando acusou Munhoes de alterar versões do relatório e retirar o nome de um funcionário que teria participado da elaboração, mas que negou envolvimento.
A auditoria apontou uma série de irregularidades no controle dos materiais fornecidos pela Nike, incluindo excesso nas retiradas, falta de inventário físico há mais de quatro anos, notas fiscais não lançadas, distribuição desigual de uniformes e fragilidades no fluxo de aprovações internas.
O relatório também destaca que Armando estaria no centro de parte dessas inconformidades e teria adotado postura agressiva durante o processo. O documento foi encaminhado por Stabile às comissões do Conselho Deliberativo.
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho, enviou o material para análise da Comissão de Justiça, que conduzirá a apuração, com acompanhamento da Comissão de Ética. Eventuais punições internas dependerão das conclusões do processo.
