A Fórmula 1 se prepara para uma nova era a partir de 2026, com mudanças significativas no regulamento de motores e a chegada de novas equipes ao grid. Uma das principais estreantes será a Audi, que assume o controle da atual Sauber. A montadora alemã, porém, já admite que não deve começar brigando nas primeiras posições.
Quem afirma isso é Mattia Binotto, recém-promovido a chefe do projeto da Audi na F1. Em entrevista ao portal Motorsport, o italiano foi direto ao comentar sobre as expectativas:
— Estamos focados em nós mesmos. Sabemos que 2026 não será o ano em que estaremos no topo. Não teremos a melhor unidade de potência, mas o caminho que tomamos é o correto. Estou confiante no futuro, afirmou.
A declaração reforça a ideia de que o projeto da Audi é de longo prazo. Segundo Binotto, a meta é construir uma equipe vencedora para brigar por vitórias e títulos apenas por volta de 2030.
O atual desempenho da Sauber, que será rebatizada como Audi, reflete os desafios pela frente. A equipe suíça ocupa as últimas posições do grid nas últimas temporadas — somou apenas quatro pontos em 2024 e, até aqui, seis em 2025, todos conquistados por Nico Hülkenberg no caótico GP da Austrália.

Binotto tem experiência com mudanças radicais na categoria. Ele estava na Ferrari em 2014, quando a Fórmula 1 implementou os motores V6 híbridos, uma era que marcou o início da dominância da Mercedes, que conquistou oito títulos consecutivos. Agora, com um regulamento que exige uma divisão igual entre a potência gerada pelo motor de combustão e os sistemas elétricos, o desafio é ainda maior.
— Desenvolver unidades de potência é muito mais complexo do que parece para quem vê de fora. E o que estamos prestes a fazer nunca foi feito antes na F1. Teremos que mudar toda a cultura de desenvolvimento do motor, e isso não será fácil, explicou o italiano.
Outro fator relevante será a obrigatoriedade do uso de combustíveis 100% sustentáveis — e a escolha do tipo de combustível poderá ser um diferencial de desempenho. Binotto acredita que, assim como ocorreu em 2014, existe a possibilidade de uma equipe largar na frente tecnicamente, com a Mercedes novamente apontada como candidata a se destacar.
Além das mudanças técnicas, a Audi passou por uma reestruturação interna. O CEO Adam Baker deixou o projeto, e Binotto assumiu sua função. A equipe também anunciou a contratação de Jonathan Wheatley, ex-Red Bull, como chefe de equipe, já atuando desde o início da temporada de 2025.
Para fortalecer seu projeto, a Audi planeja construir um centro técnico na Inglaterra, que se somará às atuais instalações: a fábrica de desenvolvimento de chassis em Hinwil, na Suíça, e o centro de produção de motores em Neuburg an der Donau, na Alemanha.
A montadora alemã, que já tem tradição no automobilismo em categorias como Fórmula E e o Rally Dakar, aposta em uma trajetória consistente e estruturada para, no futuro, transformar seu nome em protagonista também na Fórmula 1.