Bernardinho e seleção brasileira de vôlei formam uma das parcerias mais marcantes da história do esporte. Aos 66 anos, recém-completados em 25 de agosto, o treinador inicia sua 18ª temporada no comando da equipe masculina, retomando o posto após o período entre o ouro olímpico no Rio-2016 e a saída de Renan Dal Zotto, em 2023. A partir deste domingo, volta a guiar a nova geração na disputa do Campeonato Mundial, nas Filipinas.
Com trajetória repleta de títulos, medalhas e vitórias, Bernardinho também é lembrado pela intensidade à beira da quadra. Porém, para lidar com atletas que nasceram quando já era campeão olímpico em 2004, como o ponteiro Lukas Bergmann, de 21 anos, o técnico precisou adaptar sua forma de liderança. Se antes era explosivo e enérgico, hoje busca equilíbrio, sem abrir mão da disciplina.
— A essência é a mesma: disciplina e trabalho duro. Esse é o diferencial. Essa garotada quer se sentir respeitada, mas não pode entregar menos do que o melhor. Tenho pouca paciência para desperdício de tempo e talento. Agora é início de construção, temos que ter paciência com os resultados e com eventuais desequilíbrios — afirmou o treinador.

Jovens inspirados pela energia do técnico
Bergmann encara as cobranças diárias como aprendizado.
— É uma honra. Ele chega cedo, cheio de energia, e isso contagia. Mesmo quando estamos cansados, a disposição dele motiva. Dizem que está mais calmo, mas dentro de quadra a intensidade é a mesma, com cobranças e até broncas. Isso me ajuda a evoluir.
Alan Souza, em sua segunda temporada sob o comando de Bernardinho, também já se acostumou ao estilo.
— Nos treinos ele é mais concentrado, mas nos jogos extravasa. Xinga, cobra, depois pede desculpas. Tento absorver o que ele tem de melhor e seguir em frente.
Experiência e adaptação
O levantador Fernando Cachopa destaca a transformação do comandante.
— Antes eu via de fora um técnico maluco, que gritava o tempo todo. Hoje percebo que essa não é a parte mais importante. Ele traz sabedoria, extrai o máximo da gente diariamente e está mais calmo.
Lucarelli, campeão olímpico em 2016 e único remanescente daquele time, vê Bernardinho transitando entre passado e presente.

— Sempre foi muito intenso, cobrava o tempo inteiro. Agora tenta ser mais comedido, porque entende que a nova geração lida de outra forma com críticas. Ele se adaptou, mas às vezes volta a ser o Bernardinho do “Velho Testamento”. Essa mescla é importante.
Estreia no Mundial
A seleção brasileira estreia no Campeonato Mundial Masculino de Vôlei no dia 14 de setembro, contra a China, às 10h (de Brasília), em Manila. Depois, encara a República Tcheca no dia 15, às 23h, e a Sérvia no dia 17, no mesmo horário, pelo Grupo H.