Damián Bobadilla, volante do São Paulo, foi intimado a comparecer à delegacia na próxima sexta-feira para prestar depoimento sobre uma acusação de xenofobia feita pelo jogador Miguel Navarro, do Talleres. Segundo Navarro, Bobadilla teria chamado o adversário de “venezuelano morto de fome” durante a partida.
Rodrigo Correa Baptista, delegado responsável pelo DRADE (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), concedeu entrevista exclusiva ao ge e explicou os detalhes do caso.
— Esperamos que ele compareça, pois foi intimado para estar aqui na próxima sexta-feira à tarde. Também solicitamos imagens ao São Paulo para confrontar as informações. Precisamos verificar se algum jogador próximo a Navarro e Bobadilla presenciou o ocorrido e ouvir outras versões — afirmou o delegado.
A vítima, Miguel Navarro, já foi ouvida pela polícia e confirmou ter ouvido a frase em espanhol proferida por Bobadilla. Duas testemunhas corroboraram a versão da vítima, enquanto o árbitro da partida declarou não ter presenciado o episódio diretamente, apenas momentos antes ou depois. Policiais militares que estavam no local também foram ouvidos.
Navarro registrou boletim de ocorrência no Morumbi logo após o jogo. Bobadilla, por sua vez, deixou o estádio antes de ser procurado pela Polícia Militar e agora terá que responder legalmente pelo caso.
— A intimação é uma ordem legal para que ele compareça e preste sua versão dos fatos. Se não comparecer, isso agravará sua situação enquanto investigado, pois a investigação precisa prosseguir. É um caso grave e deve ser apurado pelo Estado — explicou o delegado.
Rodrigo Correa Baptista ressaltou ainda que o depoimento de Bobadilla é fundamental para a investigação e que espera colaboração do atleta.
— Como profissional de um grande clube, acreditamos que ele não criará impedimentos para a investigação criminal, pois isso seria uma atitude irracional e que só prejudicaria a sua defesa — completou.
O jogador pode ainda ser suspenso de competições organizadas pela Conmebol. A legislação brasileira enquadra casos de xenofobia como crimes de racismo, com pena de dois a cinco anos de reclusão.
— O crime apurado é injúria racial, que prevê pena de 2 a 5 anos de reclusão, é inafiançável e imprescritível. A investigação deve ser conduzida com rigor e cautela — destacou o delegado.
Rodrigo também comentou sobre o fato de Bobadilla ter deixado o local antes da chegada da polícia.
— Se ele tivesse permanecido no local ou saído correndo, seria diferente. Precisamos entender o motivo pelo qual deixou a cena antes da presença policial. Ele terá oportunidade de apresentar sua versão e eventuais provas, como um álibi, em sua defesa — finalizou.
A Conmebol já abriu um procedimento disciplinar para investigar o caso.
