O clima dentro da Ferrari não estava nada tranquilo durante o GP de Miami, vencido por Oscar Piastri no último domingo (4). Lewis Hamilton acabou se envolvendo em uma polêmica pelo rádio com Charles Leclerc e o engenheiro Riccardo Adami, após o último informar ao heptacampeão a distância para Carlos Sainz, gerando um atrito que ficou evidente entre os pilotos e a equipe.
Apesar de, a princípio, Hamilton minimizar a situação, dizendo que seus comentários foram sarcásticos, ele esclareceu a frustração após a corrida, explicando que suas reações se deram por ainda ter a motivação para vencer, mas também lamentou a demora nas tomadas de decisão da equipe durante a prova:
– “Eu ainda tenho aquele fogo interno. Pude sentir um pouco dele de verdade aqui. Não vou me desculpar por ser um lutador, não vou pedir desculpas por ainda querer ganhar. Eu sei que todos na equipe também querem”, disse o heptacampeão.
A gênese da polêmica
A confusão na Ferrari começou após as ultrapassagens de Leclerc e Hamilton sobre Carlos Sainz. O piloto monegasco pulou para a sétima posição, enquanto Hamilton ficou em oitavo. O heptacampeão, com pneus médios, passou a se queixar por estar atrás de Leclerc, que estava com pneus duros. Comummente, pneus médios são mais rápidos, mas desgastam-se mais rapidamente.
Hamilton questionou, pelo rádio, se a equipe queria que ele ficasse atrás de Leclerc durante toda a corrida e sugeriu a troca de posições para tentar atacar Andrea Kimi Antonelli, que estava em sexto. A indecisão da Ferrari diante dos questionamentos irritou Hamilton, e, no fim, a equipe cedeu, permitindo que o britânico passasse Leclerc.
Eu não acho que a decisão foi rápida o suficiente. E claro, naquele momento você está tipo, ‘vamos lá!’. Eu não tenho problemas com a equipe ou com o Charles, acho que a gente pode fazer melhor, mas o carro não está do jeito que precisamos que esteja. No fim das contas, estamos lutando por sétimo e oitavo – lamentou o britânico.
O desgaste dos pneus e a falha de comunicação
Após a ultrapassagem, a situação dentro da Ferrari se complicou. Com o desgaste dos pneus médios, Hamilton não conseguiu abrir distância de Leclerc. Pelo contrário, o piloto de Mônaco diminuiu a desvantagem e começou a pressionar Hamilton, reclamando do superaquecimento dos pneus e pedindo para que o britânico devolvesse a posição.
A Ferrari então ordenou a Hamilton que cedesse a posição para Leclerc, mas houve uma falha de comunicação, e a manobra só aconteceu na volta seguinte. Lewis terminou a corrida em oitavo lugar e explicou que não estava irritado, mas falou sobre o “pânico” em manter o carro na pista e voltou a cobrar decisões rápidas da equipe.
– Não era nem raiva. Eu não estava xingando ou algo do tipo, era tipo ‘tome uma decisão!’. Você está sentado na cadeira, tem as coisas à sua frente, tome uma decisão, rápido. Era assim que eu estava. Estamos em pânico, estamos tentando manter o carro na pista. Estamos processando as coisas rápido – disse, antes de acrescentar:
– Eu não sei o que você vai escrever, se eu fui desrespeitoso ou algo do tipo. Honestamente, não sinto que eu fui. Eu estava tipo ‘vamos lá rapazes, eu quero ganhar’ – concluiu.
A polêmica sobre Sainz e a situação da Ferrari
A fala mais polêmica de Hamilton aconteceu após a segunda troca de posições entre os pilotos da Ferrari. O engenheiro Riccardo Adami informou ao britânico que Carlos Sainz estava apenas 1s4 atrás dele. No calor do momento, Hamilton, irritado, respondeu:
– “Você quer que eu deixe ele passar também?”, reclamou.
A Ferrari acabou sendo apenas a quinta força no GP de Miami, com seus pilotos ficando atrás de carros da McLaren, Mercedes, Red Bull e até da Williams de Alexander Albon. Na classificação do campeonato, a situação também não é das melhores: Leclerc ocupa a quinta posição com 53 pontos, enquanto Hamilton está em sétimo, com 41 pontos.
