O título da Copa do Brasil não foi apenas uma conquista esportiva para o Corinthians. Foi uma resposta. Em campo e fora dele. Em um dos anos mais turbulentos da história recente do clube, o Timão encontrou algo que parecia perdido: um elenco que entendeu o que é ser Corinthians.
Desde o primeiro momento, esse grupo mostrou que a taça não seria levantada apenas por quem entra em campo aos domingos. O elenco fez questão de que todos os funcionários do dia a dia do clube viajassem juntos para o Rio de Janeiro, dividindo avião, hotel e sonho. Mais do que isso: o prêmio pela conquista foi dividido com todos, do staff à rouparia, do pessoal da cozinha aos bastidores.
Entre as histórias que vieram à tona após o título, algumas emocionam. Funcionários que andaram de avião pela primeira vez, outros que já falam em dar entrada na primeira casa própria graças à premiação. Pequenos gestos que dizem muito sobre quem estava ali dentro.
Em entrevista ao Podpah, jogadores como Hugo Souza, Matheuzinho, Raniele e Matheus Bidu revelaram bastidores que ajudam a explicar por que esse Corinthians foi diferente. Um dos relatos mais simbólicos envolveu um garoto da base que treinou com o elenco ao longo do ano e, sem dinheiro, viajou de ônibus até o Rio de Janeiro apenas para tentar assistir à final na arquibancada. Quando o elenco soube da história, não pensou duas vezes: o garoto foi levado ao vestiário, esteve no campo e participou do momento de erguer a taça.
Esse mesmo elenco também mostrou que representar o Corinthians vai além de comemorar títulos. Logo após a conquista, aproveitando os holofotes, jogadores se posicionaram publicamente e cobraram mudanças na diretoria, denunciando problemas estruturais e políticos que há anos prejudicam o clube. Um posicionamento raro, corajoso — e que teve respaldo total do vestiário.
Na festa realizada na Neo Química Arena, mais um gesto simbólico: os jogadores fizeram questão de furar o bloqueio policial e dos seguranças para abraçar a torcida, misturar-se à Fiel e dividir o momento com quem esteve ao lado do clube mesmo nos piores dias.
Não é o melhor elenco da história do Corinthians. Não é, tecnicamente, o melhor time do país. Mas foi um grupo que respeitou a camisa, entendeu o peso do clube e devolveu algo essencial ao torcedor: orgulho e dignidade.
Agora, como já é rotina no Parque São Jorge, os movimentos políticos voltam a ameaçar o pouco que deu certo. A pressão sobre Fabinho Soldado, nome que tem a confiança do elenco, cresce nos bastidores. E, inevitavelmente, a pressão também recairá sobre jogadores que tiveram coragem de se posicionar.
Mais uma vez, caberá ao torcedor fazer sua parte. Cobrar, pressionar, vigiar. Para que o trabalho continue. Para que o grupo seja mantido, reforçado — sem perder identidade. Porque, no meio de tantas crises, o Corinthians finalmente encontrou algo raro: um elenco que representa o Corinthians como ele é.
🗞 Fontes
• Entrevistas: Podpah (@podpah)
•: @RafaM_Pacheco
