A Red Bull vive um dos momentos mais turbulentos da sua trajetória recente na Fórmula 1. Com rumores sobre uma possível saída de Max Verstappen rumo à Mercedes, instabilidade no segundo carro — ocupado por Yuki Tsunoda — e desempenho abaixo do esperado nas últimas etapas, a escuderia austríaca vê sua hegemonia ruir em meio a uma crise técnica e institucional.
No último domingo, o GP da Áustria — disputado no circuito de Spielberg, casa da equipe — evidenciou essa fase ruim. Max Verstappen abandonou a corrida ainda na primeira volta após ser atingido por Kimi Antonelli, da Mercedes. Já Tsunoda teve mais um desempenho apagado, terminando em 16º, última colocação entre os que completaram a prova.
Com isso, a RBR ficou pela primeira vez desde o GP do Bahrein de 2022 fora da zona de pontuação com ambos os carros. A equipe vinha de uma impressionante sequência de 77 corridas seguidas com pelo menos um piloto no top 10 — a segunda maior da história da Fórmula 1, atrás apenas da marca da Ferrari, que pontuou em 81 GPs entre 2010 e 2014.
Além disso, Verstappen viu sua série pessoal de 31 corridas consecutivas pontuando chegar ao fim — a segunda maior da sua carreira e a quarta da história da categoria. O recorde absoluto pertence a Lewis Hamilton, com 48 provas seguidas.
A queda de rendimento da Red Bull não se resume à etapa austríaca. Nas últimas três corridas, a equipe marcou apenas 19 pontos — todos conquistados por Verstappen —, desempenho inferior até ao da modesta Sauber, que somou 20 pontos no mesmo período. Um cenário impensável se comparado ao domínio da temporada passada, em que Max foi tetracampeão e a Sauber terminou como lanterna, com apenas quatro pontos.
O declínio de performance também resultou em perdas no Campeonato de Construtores. A RBR caiu para o quarto lugar na tabela, somando 47 pontos a menos que a Mercedes, terceira colocada. McLaren e Ferrari também ampliaram a vantagem.
As especulações sobre o futuro de Verstappen aumentam com o agravamento da crise. Segundo a imprensa europeia, tanto Mercedes quanto Aston Martin demonstraram interesse em contar com o holandês a partir de 2026.
Nos bastidores, a equipe também sofreu com saídas importantes. A mais significativa foi a de Adrian Newey, projetista responsável pelos carros que renderam sete títulos de pilotos e seis de construtores à Red Bull. Atualmente, ele trabalha no carro da Aston Martin para 2026. Outros nomes que deixaram o time foram Jonathan Wheatley (agora na Sauber), Will Courtenay (estratégia) e Rob Marshall (engenharia), estes dois últimos contratados pela McLaren.
Outro fator de instabilidade foi a denúncia de conduta sexual imprópria feita por uma funcionária contra o chefe de equipe Christian Horner, fato que abalou ainda mais a estrutura interna da escuderia.
No segundo carro, a situação é caótica. Liam Lawson, promovido da equipe secundária RB, foi substituído rapidamente por Yuki Tsunoda, que já estava no radar da marca. No entanto, o japonês não pontua há quatro corridas, e seu melhor resultado na equipe principal foi um oitavo lugar. Para piorar, pilotos da própria RB somam mais pontos com carros teoricamente inferiores: Hadjar tem 21, Lawson tem 12, e Tsunoda, apenas 10.
O próprio Christian Horner reconheceu a dificuldade:
— Vamos ver como podemos apoiá-lo (Tsunoda), mas há uma grande diferença entre os dois carros. E, claro, internamente fazemos todas aquelas perguntas que, sem dúvida, vocês fazem em termos de: por quê?
Com tantas dúvidas, ausências e desempenhos abaixo do esperado, a Red Bull corre contra o tempo para evitar que a crise se transforme em colapso.
