A possível adoção da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no Corinthians voltou à pauta nos bastidores do clube nas últimas semanas. Diante da grave crise financeira enfrentada pela instituição, membros ligados à diretoria passaram a estudar alternativas, incluindo modelos híbridos de gestão. No entanto, o tema encontra forte resistência entre conselheiros e a principal torcida organizada.
Parte da cúpula corintiana demonstrou simpatia pelo modelo de administração adotado pelo Green Bay Packers, da NFL. A franquia americana é gerida por meio de cotas vendidas a torcedores, que se tornam coproprietários e participam das decisões. No cenário alvinegro, a proposta em análise sugere a separação do futebol do clube social e a venda de cotas de participação a torcedores, como uma espécie de cooperativa. Contudo, o projeto ainda está em fase inicial e já enfrenta grande rejeição interna.
O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., foi categórico ao se posicionar contra a ideia:
– SAF nunca – afirmou, ao encerrar uma entrevista concedida a jornalistas na última quarta-feira.

Tuma defende o modelo associativo atual, no qual conselheiros e associados deliberam sobre o futuro do clube. Segundo ele, há discussões para uma possível reforma estatutária que inclua os sócios-torcedores em decisões mais relevantes, mas sem alterar a estrutura associativa do Corinthians.
Durante a mesma entrevista, Paulo Roberto Bastos Pedro, membro do Conselho de Orientação (CORI), também se posicionou contra a SAF:
– O que gera o esgotamento do modelo associativo é a má gestão. Virar SAF não muda nada. Sou advogado, atuo com falências, e sei que uma SAF mal administrada acaba falindo – argumentou.
Fora dos muros do Parque São Jorge, a Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do clube, também se manifestou contrária à mudança. O presidente da torcida, Alexandre Domênico Pereira, o Alê, foi enfático:
– Falam em SAF, mas somos totalmente contra. Se houver um trabalho sério, o Corinthians jamais deve cogitar essa pauta. Um clube fundado por operários em 1910 não pode aceitar isso. O que precisamos é de uma mudança de estatuto, que é fundamental – declarou.
Apesar do tema ainda ser tratado de forma tímida, ele ganhou força após a rejeição das contas referentes ao primeiro ano da gestão de Augusto Melo. O Conselho Deliberativo votou pela reprovação do balanço apresentado, seguindo recomendações do Conselho Fiscal e do CORI.