Desclassificação reacende disputa pelo título e relembra a história da prancha que mudou a F1 após a morte de Senna

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Faltando apenas duas etapas para o fim da temporada 2025, a briga pelo título da Fórmula 1 ganhou novos contornos com a desclassificação dos pilotos da McLaren no GP de Las Vegas. Lando Norris e Oscar Piastri perderam todos os pontos da corrida por desgaste irregular nas pranchas dos assoalhos — uma peça que surgiu justamente após o acidente fatal de Ayrton Senna, em 1994, e que já colocou nomes como Lewis Hamilton e Michael Schumacher sob investigação.

A tragédia em Imola, marcada também pela morte de Roland Ratzenberger, levou a F1 a promover uma série de mudanças para aumentar a segurança. Entre elas, surgiu a instalação obrigatória de uma prancha de madeira sob o carro, introduzida a partir do GP da Alemanha daquele ano. A peça, que protege o veículo do contato direto com o solo e com as zebras, passou a servir também como parâmetro para identificar carros que rodaram mais próximos do chão do que o permitido.

Foto: Andrea Diodato/NurPhoto via Getty Images

Com o retorno do efeito-solo ao regulamento técnico em 2022, a função da prancha ganhou ainda mais relevância. O assoalho voltou a ser um elemento crucial na geração de carga aerodinâmica, aumentando o risco de saltos e impactos com o solo — e, consequentemente, do desgaste irregular da peça.

Hoje, as pranchas são produzidas em jabroc, uma madeira laminada e tratada com resina, mais resistente e estável para o automobilismo. Elas precisam ser instaladas de forma simétrica e exata, sem permitir a entrada de ar entre a prancha e o fundo do carro. Quando nova, a prancha deve ter 10 mm de espessura, com margem de 0,2 mm. Após o desgaste natural de uma corrida, o regulamento aceita um mínimo de 9 mm — qualquer medição abaixo disso resulta, em geral, na desclassificação.

Os artigos 3.5.9 e 3.5.9.e do regulamento técnico reforçam essa exigência e determinam como a espessura deve ser checada após a prova, especialmente nas regiões próximas aos orifícios previamente designados.

A prancha de madeira entrou em cena pouco depois de sua criação. Em 1994, Michael Schumacher perdeu a vitória no GP da Bélgica porque sua prancha apresentava desgaste além do limite. A Benetton alegou que isso ocorreu após uma rodada, mas os comissários rejeitaram a defesa.

Em 2023, Lewis Hamilton e Charles Leclerc foram desclassificados no GP dos Estados Unidos pelo mesmo motivo. As equipes atribuíram o desgaste ao asfalto irregular e ao formato do fim de semana com corrida sprint. A punição custou a Hamilton 20 pontos em sua luta pelo vice-campeonato. O britânico voltou a sofrer com o problema em 2025: terminou em sexto no GP da China, mas perdeu o resultado após a Ferrari admitir um erro de cálculo.

A lista de casos recentes inclui também Nico Hülkenberg, companheiro de Gabriel Bortoleto na Sauber, desclassificado no GP do Bahrein após cruzar a linha de chegada em 13º.

Agora, com Norris e Piastri punidos em Las Vegas, a tabela do campeonato muda mais uma vez e reacende a disputa nas últimas provas do ano — tudo por conta de uma peça criada há três décadas, que segue determinante em uma Fórmula 1 cada vez mais veloz e técnica.

Carlos Augusto
Carlos Augusto
Sou jornalista, pós-graduado em Gestão da Comunicação Digital e Mídias Sociais, com graduação em Jornalismo e formação técnica em Administração. Minha carreira em Comunicação é marcada pelo desenvolvimento de habilidades em pesquisa, apuração de fatos, controle e elaboração de relatórios, além de criação de conteúdo voltado tanto para comunicação externa quanto interna. Ao longo da minha trajetória, atuei no desenvolvimento de pautas e redação de matérias, criação de conteúdo visual e apoio em campanhas de endomarketing. Nessas funções, minha dedicação à precisão e à responsabilidade na transmissão de informações tem sido uma constante.

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