O Grande Prêmio da Bélgica de 1991 ficou marcado na história da Fórmula 1 por reunir, em uma mesma corrida, algumas das maiores lendas do automobilismo mundial. Ayrton Senna foi o vencedor daquela etapa, superando nomes como Nigel Mansell, Nelson Piquet e Alain Prost, e dando um importante passo rumo ao seu terceiro título mundial com a McLaren. No entanto, o sétimo lugar no grid trouxe outro acontecimento memorável: a estreia de Michael Schumacher na principal categoria do automobilismo.
O icônico Jordan 191, carro utilizado por Schumacher em sua primeira participação na F1, é um dos destaques da exposição Michael Schumacher Private Collection, em exibição no museu Motorworld, na cidade de Colônia, na Alemanha. A cerca de uma hora do circuito de Spa-Francorchamps, o local atrai fãs de todo o mundo interessados em reviver momentos marcantes da carreira do piloto alemão.

A estreia de Schumacher aconteceu de forma inesperada. Bertrand Gachot, então piloto da Jordan, foi preso após agredir um taxista em Londres, e a equipe precisava de um substituto imediato. A escolha recaiu sobre Schumacher, piloto de protótipos da Mercedes. Eddie Jordan acreditava que o jovem conhecia bem o circuito de Spa, mas ele só havia pedalado pelo traçado. Ainda assim, sua performance nos treinos classificatórios impressionou ao conquistar a sétima posição no grid. Na corrida, porém, uma falha na embreagem impediu que completasse a primeira volta.
Mesmo com o abandono precoce, a atuação de Schumacher chamou a atenção de outras equipes. Na etapa seguinte, ele foi contratado pela Benetton para substituir o brasileiro Roberto Moreno, unindo-se a Nelson Piquet. Um ano depois, conquistaria sua primeira vitória na Fórmula 1 – justamente em Spa-Francorchamps, consolidando seu talento.

A exposição em Colônia reúne 12 carros de Fórmula 1 que marcaram a carreira do heptacampeão mundial. Entre eles, estão os modelos da Benetton, a escuderia pela qual venceu seus dois primeiros títulos; as Ferraris com as quais dominou a categoria entre 2000 e 2004; e o carro da Mercedes, equipe onde encerrou sua trajetória em 2012. Além dos monopostos, a mostra também exibe objetos pessoais como capacetes, macacões, troféus e até o kart usado por Schumacher no início de sua carreira.
Um dos itens mais emocionantes da exposição é o troféu do GP da Itália de 2000, quando Schumacher igualou as 41 vitórias de Ayrton Senna. Ao ser questionado sobre o significado daquela marca, o alemão se emocionou às lágrimas e respondeu apenas com um “sim”, sendo amparado por Mika Häkkinen, que estava ao seu lado na entrevista coletiva.
Mesmo com episódios de rivalidade intensa nas pistas, como a discussão nos boxes após o GP da França, Schumacher sempre demonstrou profunda admiração por Senna, a quem considerava seu grande ídolo. O carinho pelo brasileiro é retratado na curadoria da exposição, que inclui esse momento simbólico entre os destaques.

A Michael Schumacher Private Collection está aberta ao público todos os dias da semana, das 10h às 20h, com entrada gratuita. Localizada próximo à cidade natal do piloto, Kerpen – onde ele começou sua trajetória nos karts –, a mostra funciona como uma homenagem permanente à sua carreira e ao seu legado.
Após o acidente de esqui ocorrido em 2013, na França, o estado de saúde de Schumacher permanece sob sigilo a pedido da família. A exposição, portanto, se apresenta como uma forma de manter viva a memória e a trajetória de um dos maiores nomes da história da Fórmula 1.