A Ferrari começa a dar sinais de recuperação na temporada 2025 da Fórmula 1. No último domingo, durante o GP da Espanha, a escuderia conquistou seu terceiro pódio no ano — o segundo consecutivo — com Charles Leclerc, que terminou na terceira colocação. O resultado tirou a equipe da quarta posição no Mundial de Construtores e a levou à vice-liderança, superando Mercedes e RBR. No entanto, o monegasco segue cauteloso quanto à capacidade do time de brigar por pódios de forma consistente.
— Só terminamos no pódio por causa do safety car. Sem isso, nossa posição seria a quarta. Ainda não me sinto confiante para lutar constantemente pelos três primeiros. Estamos começando a entender o carro, a configurá-lo da melhor maneira possível, mas, para isso, precisamos adotar soluções bem extremas, o que deixa a pilotagem desconfortável. Sem atualizações muito em breve, será difícil manter esse desempenho — avaliou Leclerc.
O início de temporada da Ferrari foi turbulento. Após as três primeiras corridas, o time somava apenas 17 pontos, o pior começo do século. Charles enfrentou altos e baixos: foi terceiro na Arábia Saudita, duas vezes quarto colocado, sofreu uma desclassificação no GP da China por infração de peso mínimo e quase ficou fora do top 10 na Austrália.
Além dos desafios com Leclerc, a equipe também viu Lewis Hamilton enfrentar dificuldades de adaptação. Apesar de ter vencido uma corrida sprint e subido ao pódio em outra, o britânico afirmou, após o sexto lugar na Espanha, que fez sua “pior corrida do ano”.
Diante das críticas dos pilotos, a Ferrari começou a reagir, implementando atualizações no carro desde o GP do Bahrein, onde conseguiu seu melhor resultado coletivo até então, com Leclerc em quarto e Hamilton em quinto. O bom desempenho se repetiu em Mônaco, com os dois pilotos no top 5, incluindo um segundo lugar de Leclerc.

O terceiro lugar conquistado em Barcelona, no entanto, deixou sentimentos divididos no monegasco:
— Não é que eu esteja eufórico por um segundo ou terceiro lugar, mas me sinto satisfeito, pois não esperava isso ao chegar aqui. Também não esperava na semana passada, em Mônaco, e saí bem decepcionado, pois fomos muito fortes nos treinos. Aqui foi diferente; sacrifiquei a classificação para focar na corrida e parece que deu certo. Fico feliz pelo fim de semana, mas não satisfeito com nosso desempenho geral. Precisamos evoluir mais — destacou.
O pódio de Leclerc, somado ao sexto lugar de Hamilton, fez a Ferrari ultrapassar a Mercedes, antiga vice-líder, e a RBR, que caiu para quarto. Leclerc, inclusive, protagonizou um duelo direto com Max Verstappen, ultrapassando o holandês após a entrada do safety car na volta 55, que se tornou um ponto chave da prova.
O carro de segurança foi acionado após o abandono de Andrea Kimi Antonelli, levando a maioria dos pilotos de volta aos boxes. Verstappen optou por pneus duros novos, enquanto Leclerc e George Russell apostaram em pneus macios usados. A estratégia da RBR se mostrou equivocada.
Na relargada, na volta 61, Max virou alvo fácil. Foi ultrapassado por Russell e Leclerc, caindo do terceiro para o quinto lugar. Na tentativa de se defender, cometeu um erro na última curva e se chocou com Russell, o que lhe rendeu uma punição de 10 segundos e três pontos na superlicença. O holandês terminou apenas na décima posição, conquistando o único ponto da RBR, que também viu Yuki Tsunoda finalizar em 13º.
— Quando meu engenheiro avisou que Max estava com pneus duros, percebi que seria uma oportunidade. Sabia que o desempenho desse composto estava muito ruim e que uma boa relargada poderia fazer a diferença. E deu certo. Sobre o toque, não achei nada demais. Max errou na última curva, eu fui para o lado dele, e isso é corrida — concluiu Leclerc.