A Fifa publicou, nesta quinta-feira, a nova versão do seu Código Disciplinar. O documento, aprovado durante a reunião do Conselho da entidade neste mês, estabelece punições mais severas para casos de racismo no futebol.
O artigo 15, que aborda “Discriminação e Racismo”, reforça o protocolo criado no ano passado, no qual o árbitro deve seguir três etapas diante de episódios racistas: parar o jogo, suspender temporariamente e, se as ofensas persistirem, encerrar a partida.
A principal mudança é que, a partir de agora, qualquer atleta ou participante do evento pode comunicar ao árbitro que foi vítima de racismo. A partir dessa sinalização, o juiz tem a obrigação de aplicar imediatamente o protocolo. Se as manifestações não cessarem, o árbitro deve paralisar ou até finalizar a partida.

O Código atualizado também revisa os valores das multas para casos de discriminação. Clubes e federações podem ser penalizados com, no mínimo, 20 mil francos suíços (cerca de R$ 137 mil) e, em alguns casos, sofrer restrições de público. A multa máxima chega a 5 milhões de francos suíços (aproximadamente R$ 34 milhões) — uma exceção prevista, já que o próprio Código limita outras multas a 1 milhão de francos suíços (R$ 6,8 milhões).
Em casos de reincidência, as punições podem ser ainda mais rigorosas, incluindo a obrigatoriedade de criar um plano de prevenção, realização de partidas sem público, perda de pontos, expulsão de competições ou até rebaixamento.
As federações filiadas à Fifa têm até o dia 31 de dezembro para adaptar seus regulamentos às novas regras. Além disso, a entidade máxima do futebol agora tem autoridade para intervir diretamente em associações que não estejam aplicando as sanções corretamente. A Fifa também poderá recorrer ao CAS (Corte Arbitral do Esporte) contra decisões que considere inadequadas.
Durante o Congresso da Fifa, realizado neste mês em Assunção, no Paraguai, o presidente Gianni Infantino destacou que o combate à discriminação é uma prioridade da entidade. Ele afirmou estar trabalhando em conjunto com governos e com a ONU para que o racismo seja tipificado como crime em todos os países.
— Racismo não é apenas um problema do futebol, racismo é simplesmente um crime. Por isso, estamos trabalhando com diferentes governos e com a ONU para garantir que o combate ao racismo seja incluído na legislação criminal de cada país do mundo — declarou Infantino.