Colisões entre postulantes ao título da temporada, colegas de equipe e em disputa pela pole position reforçam o motivo do Circuito de Baku ser conhecido como uma versão mais veloz de Mônaco
Como seria o GP de Mônaco se os carros da F1 pudessem andar mais rápidos? A resposta já existe, e está no Circuito de Baku, palco do GP do Azerbaijão. A sede da prova deste fim de semana tem sido alvo de comparação com uma das corridas mais antigas do mundo desde que chegou à categoria, em 2017; e pelas características, suas últimas edições tiveram alguns incidentes marcantes.
Alguns deles, como em 2017 e 2021, tiveram influência no desenrolar da briga pelo campeonato de seus respectivos anos; outro, no ano passado, pavimentou caminho para o que poderia culminar na primeira vez de Sergio Pérez liderando o Mundial, expectativa que não chegou a se concretizar.
O quão rápida é Baku?
Para se ter noção, a curva 20 do circuito é uma das mais rápidas de toda a F1, com os carros podendo chegar a 305 km/h nela. Na longa reta dos boxes, o velocímetro ultrapassa facilmente os 350 km/h; e a melhor volta da pista, registrada por Charles Leclerc em 2019, teve velocidade média de 209 km/h. O recorde de Mônaco, registrado em 2021 por Hamilton, foi com 164 km/h em média.
Menção honrosa: Hamilton, no GP da Europa em 2016
O Circuito de Baku estreou na F1 um ano antes do primeiro GP do Azerbaijão – mas como sede do GP da Europa. E a primeira classificação no país terminou com uma batida do então tricampeão da Mercedes no Q3, com saldo negativo: suspensão dianteira e pneus que serviriam para a corrida danificados, e um 10º lugar no grid.
No domingo, caminho aberto para o pole Nico Rosberg vencer e ganhar força em sua campanha pelo título daquele ano, enquanto Lewis Hamilton foi apenas quinto – sem conseguir resolver um ajuste incorreto em seu volante, ao contrário do rival e companheiro da Mercedes.
Hamilton e Vettel, em 2017
Vettel foi punido com um drive through de 10s, mas terminou a prova em quarto lugar, com o rival em quinto – Daniel Ricciardo venceu a prova. A diferença na classificação subiu para 14 pontos e, após o episódio, Hamilton deu um ultimato ao alemão pedindo por respeito, ou “teriam problemas”. O título, no fim, ficou com o piloto da Mercedes.
Protagonistas da briga pelo título, Vettel e Hamilton chegaram à Baku separados por 12 pontos, com o alemão da Ferrari na frente. O britânico largou da pole e mantinha-se à frente até o contato com o rival na 19ª volta, durante o safety car acionado por detritos na pista deixados pela quebra de Daniil Kvyat.
Hamilton desacelerou para se afastar do carro de segurança e Vettel, pego de supresa, o acertou. O tetracampeão se irritou e bateu de propósito no piloto da Mercedes, que posteriormente, teve que visitar os boxes para consertar uma proteção em seu cockpit e perdeu a liderança.
Verstappen e Ricciardo, em 2018
A pole era de Vettel, mas a vitória ficou com Hamilton – pela primeira vez no ano após quatro rodadas. A chance caiu no colo do piloto da Mercedes após uma batida entre os colegas da RBR, Daniel Ricciardo e Max Verstappen.
Antes da colisão, dupla seguiu duelando entre si no top 5 da prova até Ricciardo enfim ultrapassar o companheiro pelo quarto lugar, na volta 35. As posições se inverteram com seus respectivos pit stops; o australiano foi se aproximando de Verstappen e, no 40º giro, o acertou por trás.
O safety car convocado à pista levou Hamilton e Vettel aos boxes, com o alemão à frente; a prova recomeçou na volta 48 sucedendo outra colisão, de Romain Grosjean. Aí, Vettel errou ao tentar ultrapassar o líder provisório Valtteri Bottas. Este, por sua vez, perdeu a ponta após um furo de pneu a três voltas do fim.
Leclerc, em 2019
Quem nunca ouviu, por aí, o famoso rádio “Eu sou estúpido, eu sou estúpido” de Charles Leclerc? O desabafo do então jovem de apenas 21 anos se deu no que poderia ter sido sua primeira pole da etapa.
No Q2, logo depois de anotar o quinto tempo do segmento, o estreante da Ferrari passou direto na curva do castelo e atingiu a barreira de proteção. Ele, que é o maior pole-sitter de Baku com três conquistas, foi apenas oitavo no grid inicial e chegou em quinto lugar no triunfo de Bottas.
Verstappen, em 2021
A classificação que rendeu a pole a Leclerc já dava indícios de como seria o domingo: Yuki Tsunoda, Carlos Sainz, Lance Stroll, Antonio Giovinazzi e Ricciardo foram as baixas da sessão que pôs Hamilton em segundo lugar e Verstappen, em terceiro.
O segundo infortúnio do atual tricampeão da F1 em Baku se deu no contexto de um dos campeonatos mais acirrados dos últimos tempos, em duelo contra Hamilton. Max se encaminhava para empatar com ele em três vitórias, ainda no início da temporada.
Depois de superar Leclerc na volta 2, o heptacampeão perdeu a liderança na janela de pit stops do começo da prova; porém, recebeu uma segunda chance quando um estouro de pneu fez o líder Verstappen bater a cinco voltas do fim.
Aí, Hamilton ganhou, certo? Errado! Na relargada após meia hora de bandeira vermelha, o britânico passou reto na primeira curva por acionar, sem querer, um botão em sua Mercedes. Caminho aberto para Sergio Pérez vencer.
Nyck de Vries, em 2023
Depois da pacífica vitória de Verstappen em 2022, outro holandês se deu mal em Baku: Nyck de Vries, da RB. A colisão na 11ª volta foi bem no momento em que o piloto da RBR, que assumiu a liderança após desbancar o pole Leclerc no começo da corrida, estava nos boxes.
De sétimo, Max foi para terceiro lugar com os pit stops de seus rivais. No entanto, apesar de conseguir passar Leclerc uma segunda vez na relargada, no 14º giro, ele ficou preso atrás do colega, Pérez. A segunda conquista do mexicano em Baku ainda o ajudou a reduzir a diferença no campeonato para Verstappen, de 13 para seis pontos.
Mas na corrida seguinte, em Miami, quando tinha tudo para desbancar, Checo foi apenas segundo colocado e seu rendimento começou a cair até o fim do ano.