Jogadores fazem protesto coletivo contra jogo do Barcelona em Miami: atletas paralisam início de rodada da La Liga

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O início de Barcelona x Girona, neste sábado, foi marcado por um protesto inédito na La Liga. Assim que o árbitro Jesús Gil Manzano autorizou o início da partida, os 22 jogadores permaneceram imóveis por 15 segundos, em sinal de repúdio à decisão de realizar o duelo entre Villarreal e Barcelona, marcado para 20 de dezembro, em Miami, nos Estados Unidos.

O ato, coordenado pela Associação Espanhola de Jogadores de Futebol (AFE), expressa a insatisfação dos atletas com a falta de diálogo e transparência da entidade que organiza o campeonato. A expectativa era de que os jogadores do Barcelona não participassem da manifestação — por seu envolvimento direto na partida polêmica —, mas o elenco catalão também aderiu à paralisação.

Foto: David Ramos/Getty Images

Segundo a AFE, os atletas não foram consultados sobre a transferência do jogo para os Estados Unidos. O sindicato classificou a decisão da La Liga como unilateral e contrária aos interesses dos profissionais. A paralisação simbólica deverá se repetir em outros confrontos da nona rodada.

A La Liga anunciou no início de outubro que o confronto entre Villarreal e Barcelona, válido pela 17ª rodada, será realizado no Hard Rock Stadium, em Miami, após receber aval da Uefa. Apesar da autorização, o presidente da entidade europeia, Aleksander Čeferin, reiterou ser contrário à prática de sediar partidas fora do país de origem.

— Os jogos da liga devem ser disputados em casa; qualquer outra coisa privaria os torcedores leais e potencialmente introduziria elementos de distorção nas competições. Embora seja lamentável ter que deixar esses dois jogos acontecerem, esta decisão é excepcional e não deve ser vista como um precedente. Nosso compromisso é claro: proteger a integridade das ligas nacionais e garantir que o futebol permaneça ancorado em seu ambiente doméstico — disse Aleksander Čeferin, presidente da Uefa.

O clima de tensão entre a AFE e a La Liga se agravou após o fracasso de uma tentativa de reunião entre representantes das duas partes. Convocados pelos capitães de Barcelona e Villarreal, os dirigentes da liga não compareceram ao encontro alegando conflito de agenda, o que aumentou o descontentamento dos clubes e dos atletas.

Foto: Divulgação / La Liga

A relação entre o sindicato e a entidade presidida por Javier Tebas já estava desgastada desde o início da temporada. O impasse começou após a recusa da La Liga em adiar a estreia do Real Madrid no campeonato, mesmo após a equipe ter participado da Copa do Mundo de Clubes e solicitado mais tempo de preparação.

Comunicado da AFE

Em nota oficial, a AFE afirmou que a manifestação tem caráter simbólico e visa protestar contra a “falta de transparência, diálogo e coerência da La Liga”. O sindicato defende a criação de uma mesa de negociação para discutir o projeto de internacionalização do campeonato e garantir que os direitos trabalhistas dos jogadores sejam respeitados.

“A Associação Espanhola de Futebolistas (AFE), com o apoio dos capitães da Primeira Divisão Espanhola, anuncia que, durante todas as partidas correspondentes à nona rodada do Campeonato Espanhol da Liga Nacional da Primeira Divisão, no início de cada partida, os jogadores protestarão simbolicamente contra a falta de transparência, diálogo e coerência da LALIGA em relação à possibilidade de disputar uma partida da competição nos Estados Unidos.

O sindicato decidiu excluir da iniciativa os jogadores do FC Barcelona e do Villarreal CF, clubes que solicitam o projeto, apesar de compartilharem a posição subjacente e os pontos críticos. Isso evita que a ação de protesto seja interpretada como uma potencial medida contra qualquer clube.

Diante das persistentes recusas e propostas irrealistas da LALIGA, a Associação Espanhola de Jogadores de Futebol rejeita categoricamente um projeto que carece da aprovação dos principais atores do nosso esporte e exige que a associação patronal crie uma mesa de negociação onde todas as informações sejam compartilhadas e as características excepcionais do projeto sejam analisadas, as necessidades e preocupações dos jogadores de futebol sejam atendidas e a proteção de seus direitos trabalhistas e o cumprimento da regulamentação vigente sejam garantidos”.

Resposta da La Liga

Em contraponto, a liga espanhola afirmou que tentou se reunir com os representantes dos atletas em três ocasiões diferentes, sem sucesso. Javier Tebas destacou que está “à disposição 24 horas por dia” para tratar do tema e lembrou que, na última década, mais de 100 milhões de euros foram repassados ao sindicato.

A entidade também alega não ter autonomia para interromper a venda de ingressos para o jogo em Miami, cuja responsabilidade seria do promotor do evento. Tebas defende ainda que o projeto visa promover a marca do futebol espanhol nos Estados Unidos e minimiza os impactos da mudança.

Carlos Augusto
Carlos Augusto
Sou jornalista, pós-graduado em Gestão da Comunicação Digital e Mídias Sociais, com graduação em Jornalismo e formação técnica em Administração. Minha carreira em Comunicação é marcada pelo desenvolvimento de habilidades em pesquisa, apuração de fatos, controle e elaboração de relatórios, além de criação de conteúdo voltado tanto para comunicação externa quanto interna. Ao longo da minha trajetória, atuei no desenvolvimento de pautas e redação de matérias, criação de conteúdo visual e apoio em campanhas de endomarketing. Nessas funções, minha dedicação à precisão e à responsabilidade na transmissão de informações tem sido uma constante.

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