Lautaro Martínez: O coração, a garra e a alma da Inter de Milão

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Lautaro Martínez é muito mais que o centroavante da Inter de Milão. É o capitão, o líder emocional e técnico do time. O argentino não apenas faz gols, mas também influencia diretamente o desempenho e o ânimo da equipe. É, sem dúvida, o grande protagonista da Inter na final da Champions League.

Essa personalidade forte não surgiu agora. Desde criança, em Bahía Blanca — cidade a 650 km de Buenos Aires e berço de ídolos como Manu Ginóbili —, Lautaro já demonstrava disciplina, determinação e uma vontade incomum de vencer.

Seu pai, Mario Martínez, também foi jogador de futebol, embora sem grande destaque. Os irmãos Jano e Alan também trilharam caminhos no esporte. O apelido “El Toro” surgiu na adolescência, reflexo de sua força física e entrega nas disputas. Mas além da potência, Lautaro sempre se destacou pela postura e mentalidade acima da média.

Lautaro tinha um comportamento quase profissional desde pequeno. Se alimentava bem, se cuidava, cumpria todos os treinos. Seu caráter e temperamento o diferenciavam dos demais. Sempre foi muito responsável e queria ser líder desde muito jovem — revelou Alberto “Pichu” Desideri, seu técnico quando ele tinha apenas 10 anos.

Foto: Getty Images

O garoto, ainda criança, ia até uma emissora local que transmitia os jogos do Liniers para pedir, ou até comprar, gravações de suas partidas. Já se destacava nos testes de concentração e, aos 15 anos, fez sua estreia no time profissional — claro, marcando gol. Sobre o penteado daquele dia… melhor deixar a imagem falar por si.

Quando a Argentina disputou e perdeu a final da Copa do Mundo de 2014, Lautaro assistiu tudo do alojamento da base do Racing, a Casa Tita Mattiussi, para onde se mudou ao sair do interior. Sua estreia no time principal do Racing foi em outubro de 2015, substituindo justamente Diego Milito — herói da última conquista da Champions pela própria Inter, em 2010. Coincidência ou destino?

Em 2018, a Internazionale desembolsou mais de 30 milhões de dólares (cerca de R$ 97 milhões na época) para contratar o jovem atacante, na maior venda da história do Racing até então — um jogador que já chamava atenção na Libertadores por atormentar defesas brasileiras.

Fomos buscar um garoto de 20 anos e não erramos — afirmou Javier Zanetti, ex-capitão e atual vice-presidente da Inter, ao site oficial do clube.

A Inter começou a monitorá-lo no fim de 2017, enviando olheiros para observá-lo em um clássico contra o Independiente. Na mesma partida, Jorge Sampaoli, então técnico da seleção argentina, também estava de olho em Lautaro.

Poucos meses depois, ele faria sua estreia pela seleção principal em um amistoso contra a Espanha, que terminou em uma goleada humilhante: 6 a 1. Um prenúncio de que sua trajetória pela seleção seria repleta de desafios, mas também de superações.

Na época, ainda no Racing, Lautaro foi pré-convocado para a Copa do Mundo de 2018, mas acabou ficando fora da lista final. Sorte dele, que escapou de um dos maiores fracassos recentes da seleção, marcada por conflitos internos e uma eliminação precoce.

A partir de 2019, Lautaro se firmou como titular tanto na Inter quanto na seleção argentina. Na Copa América daquele ano, marcou dois gols em quatro jogos, mas a Argentina caiu na semifinal para o Brasil. Mesmo assim, ele foi um dos principais nomes da equipe.

O fim do jejum de títulos da seleção chegou em 2021, quando a Argentina derrotou o Brasil na final da Copa América, no Maracanã. Lautaro teve papel fundamental: três gols em seis jogos e titularidade ao lado de Lionel Messi no ataque.

Lautaro é espetacular, impressionante. Vai se tornar um grande jogador — e já está mostrando isso. É bom no um contra um, faz muitos gols, se movimenta bem na área. Tem qualidade, é completo — declarou Lionel Messi ao Mundo Deportivo, em 2020. Mais tarde, Messi chegaria a indicar Lautaro para a Bola de Ouro de 2024.

Foto: Getty Images

Chegando à Copa do Mundo de 2022, Lautaro carregava uma sequência de bons números, mas os gols simplesmente desapareceram no Catar. Criticado, acabou perdendo a titularidade já na fase de grupos e atuou apenas 18 minutos na final contra a França. Apesar da conquista do título mundial, saiu do torneio com a imagem desgastada.

Desempenho na Copa do Mundo 2022:

  • Lionel Messi: 7 gols em 29 chutes

  • Julián Álvarez: 4 gols em 9 chutes

  • Lautaro Martínez: 0 gol em 11 chutes

Após o Mundial, Lautaro perdeu espaço como titular, mas manteve-se convocado. A redenção veio na Copa América de 2024, quando foi artilheiro da competição com cinco gols, incluindo o decisivo na prorrogação da final contra a Colômbia.

Na seleção, ele não tem a mesma liderança que exerce na Inter. Mas é um jogador de enorme personalidade e muito respeitado no grupo de Scaloni. Sempre entrega tudo, mesmo quando não está 100% fisicamente. Suas lesões atrapalharam em momentos chave, mas sua importância no ciclo é gigantesca — afirmou Hernán Claus, jornalista do diário Olé e setorista da seleção há mais de 20 anos.

Na semifinal da Champions League, Lautaro jogou no sacrifício contra o Barcelona, enfrentando uma lesão muscular na coxa esquerda. Mesmo assim, foi decisivo: marcou um gol e sofreu o pênalti convertido por Çalhanoglu na vitória por 4 a 3. Capitão desde 2023, lidera a Inter não só pela faixa, mas também pelo exemplo.

Ele soma nove gols nesta edição da Champions, um recorde para um jogador da Inter em uma única temporada do torneio. Isso representa 34% dos 26 gols do time na campanha.

Curiosamente, esta nem é sua temporada mais produtiva em termos de participações diretas em gols. Foram 22 gols e três assistências no total. No entanto, sua consistência é impressionante: mantém pelo menos 20 gols marcados por temporada há quatro anos consecutivos.

Seu auge individual foi em 2022/23, quando anotou 28 gols e distribuiu 10 assistências em 57 partidas. Naquela temporada, a Inter conquistou a Copa da Itália, a Supercopa da Itália e foi vice-campeã da Champions League.

No total, Lautaro já soma sete títulos pela Inter: dois Campeonatos Italianos (2020/21 e 2023/24), duas Copas da Itália (2021/22 e 2022/23) e três Supercopas da Itália (2021/22, 2022/23 e 2023/24).

Mesmo assim, o próprio atacante sente que ainda não recebe o devido reconhecimento. Lautaro costuma dizer que merece estar na corrida pela Bola de Ouro. Seu companheiro de ataque, Marcus Thuram, costuma brincar que se ele sorrisse mais, talvez fosse mais valorizado.

Um título da Champions League pode, enfim, abrir esse sorriso. E, com ele, colocar “El Toro” definitivamente entre os grandes da história da Internazionale.

Ser campeão da Champions é um sonho que alimento todos os dias. Quero muito deixar meu nome na história deste clube. Na final, vou dar tudo, como sempre, para ajudar a Inter a conquistar esse título que nos escapa há 15 anos. Meu papel hoje é maior: sou capitão e preciso transmitir serenidade aos meus companheiros — afirmou Lautaro Martínez em entrevista à TNT Sports.

Carlos Augusto
Carlos Augusto
Sou jornalista, pós-graduado em Gestão da Comunicação Digital e Mídias Sociais, com graduação em Jornalismo e formação técnica em Administração. Minha carreira em Comunicação é marcada pelo desenvolvimento de habilidades em pesquisa, apuração de fatos, controle e elaboração de relatórios, além de criação de conteúdo voltado tanto para comunicação externa quanto interna. Ao longo da minha trajetória, atuei no desenvolvimento de pautas e redação de matérias, criação de conteúdo visual e apoio em campanhas de endomarketing. Nessas funções, minha dedicação à precisão e à responsabilidade na transmissão de informações tem sido uma constante.

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