Leonardo Jardim se despediu oficialmente do Cruzeiro na tarde desta segunda-feira, em entrevista coletiva realizada na Toca da Raposa II. Visivelmente emocionado, sobretudo ao falar sobre a família, o treinador português anunciou que fará uma pausa na carreira para preservar a saúde física e mental. O encerramento do vínculo, que iria até o fim de 2026, foi confirmado pela manhã, um dia após a eliminação da equipe para o Corinthians na semifinal da Copa do Brasil.
Segundo Jardim, a decisão foi tomada com base em motivos pessoais e no desgaste acumulado ao longo do ano. O treinador relembrou o período delicado vivido antes de assumir o clube, quando enfrentou problemas familiares e uma rotina intensa de viagens e compromissos. Ao explicar a escolha, afirmou que sempre entra em projetos para se dedicar integralmente e que, neste momento, não teria condições de entregar o máximo exigido pela função.

– Esses momentos não são fáceis, mas temos que ser racionais. Em fevereiro, quando vim, passei 45 dias – viagens, hospital com minha esposa. Sem tempo para nada. Dois dias após ela sair do hospital, vim para o Cruzeiro. Quando entro em um projeto, é para dar meu melhor. Não entro só para receber meu salário. Me dediquei 100%. O nosso contrato era até o final de 2026, com a possibilidade de sair.
A possibilidade de saída já vinha sendo debatida internamente há alguns meses. Jardim acionou uma cláusula contratual que permitia o encerramento antecipado do vínculo e reforçou que a decisão não teve relação com questões financeiras ou esportivas, mas sim com a necessidade de cuidar da saúde e estar mais próximo da família. O treinador destacou que já tomou atitude semelhante no passado, quando deixou o Monaco após seis anos de trabalho e ficou um período afastado para recuperação pessoal.
A diretoria do Cruzeiro lamentou a saída, mas demonstrou compreensão. O dono da SAF celeste ressaltou o profissionalismo de Leonardo Jardim, elogiou a dedicação do treinador ao clube e afirmou que o período de trabalho deixou um legado importante para a instituição, tanto esportivo quanto humano. O dirigente ainda expressou o desejo de que, no futuro, o português possa retornar.
Com a vaga aberta, o Cruzeiro já se movimenta no mercado em busca de um substituto, e o nome de Tite surge como o preferido da diretoria. Questionado sobre uma possível participação na escolha do novo técnico, Jardim preferiu se afastar do processo, afirmando confiar plenamente na estrutura do clube, embora tenha se colocado à disposição para ajudar caso seja procurado.
Leonardo Jardim chegou ao Cruzeiro em fevereiro deste ano para substituir Fernando Diniz. Apesar de um início instável, o treinador conseguiu dar consistência à equipe ao longo da temporada. Sob seu comando, o time alcançou a semifinal da Copa do Brasil e terminou o Campeonato Brasileiro na terceira colocação, garantindo vaga direta na fase de grupos da Libertadores de 2026. Ao todo, foram 55 partidas, com 26 vitórias, 18 empates e 11 derrotas.
Ao fazer um balanço da temporada, Jardim avaliou o trabalho como positivo, mas admitiu frustração pela ausência de um título. Segundo ele, a campanha foi marcada por grandes experiências e conquistas esportivas importantes, como a classificação à Libertadores, mas faltou transformar o desempenho em um troféu. Ainda assim, o treinador deixou o clube agradecido e com a sensação de dever cumprido.












