O futebol argentino perdeu nesta quarta-feira (9) um de seus nomes mais emblemáticos. Miguel Ángel Russo, técnico do Boca Juniors, faleceu aos 69 anos em decorrência de complicações causadas por um câncer de próstata. O treinador, que já havia se afastado recentemente das atividades do clube, estava em tratamento domiciliar. De acordo com a imprensa local, o velório será realizado no estádio La Bombonera, casa do Boca.
Russo entrou para a história xeneize ao comandar o Boca Juniors na conquista da Copa Libertadores de 2007 — a última do clube até hoje. Além da passagem vitoriosa no início do século, ele retornou à equipe em 2020, período em que conquistou o Campeonato Argentino (2020/21) e a Copa da Liga Profissional (2020). Seu terceiro e último ciclo no comando técnico começou em maio deste ano.

Em sinal de luto, a Liga Profissional de Futebol da Argentina anunciou o adiamento da partida entre Boca Juniors e Barracas Central, marcada para o próximo sábado, pelo Torneo Clausura. Uma nova data ainda será definida.
Nos Estados Unidos, onde a seleção argentina se prepara para um amistoso contra a Venezuela, os jogadores prestaram homenagem com um minuto de silêncio antes do treino.
Como jogador, Russo construiu toda a sua carreira no Estudiantes de La Plata, entre 1975 e 1988. Pelo clube, conquistou dois títulos argentinos (1982 e 1983) e defendeu a seleção argentina em 17 oportunidades. Ele participou das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1986, mas ficou fora do torneio no México por conta de uma lesão.
A trajetória como técnico começou em 1989, à frente do Lanús, com o qual venceu a segunda divisão em 1992. Também levou Estudiantes (1995) e Rosario Central (2013) ao acesso. Na elite do futebol argentino, foi campeão nacional com o Vélez Sarsfield em 2005 e marcou época com o Boca.
O treinador ainda comandou outras equipes tradicionais do país, como Racing, Colón, San Lorenzo e Atlético Los Andes. Fora da Argentina, teve passagens por clubes de destaque da América do Sul, entre eles Universidad de Chile (Chile), Millonarios (Colômbia), Alianza Lima (Peru) e Cerro Porteño (Paraguai). Trabalhou também no futebol europeu e asiático, dirigindo Salamanca (Espanha), Morelia (México) e Al-Nassr (Arábia Saudita).
Russo havia superado um câncer de próstata em 2017, enquanto treinava o Millonarios. No entanto, voltou a enfrentar complicações nos últimos meses. Em setembro, foi internado por uma infecção urinária, o que agravou seu estado de saúde e o afastou definitivamente do comando técnico do Boca.
Nas redes sociais, o clube publicou uma nota de pesar:
“O Clube Atlético Boca Juniors comunica com profunda tristeza o falecimento de Miguel Ángel Russo. Miguel deixa uma marca inapagável em nossa instituição e será sempre um exemplo de alegria, cordialidade e esforço.
Acompanhamos sua família e seus entes queridos neste momento de dor. Até sempre, querido Miguel!”
Após a vitória por 5 a 0 sobre o Newell’s Old Boys, no último domingo, o capitão Leandro Paredes dedicou o triunfo ao treinador:
– Dedicamos a vitória a Russo, é o cabeça do nosso grupo e está passando por esse momento nada lindo. Mandamos muita força a ele.
Diversos clubes argentinos e sul-americanos também publicaram mensagens de solidariedade à família e aos torcedores do Boca Juniors, em reconhecimento à trajetória e ao legado deixado por Miguel Ángel Russo — um símbolo de liderança, paixão e respeito dentro e fora de campo.