Felipe Massa abriu um processo contra a Fórmula 1, a FIA e Bernie Ecclestone, questionando o resultado do campeonato de 2008, marcado pelo escândalo conhecido como “Singapuragate”. A polêmica envolve a batida proposital de Nelson Piquet Jr. para favorecer Fernando Alonso, na época piloto da Renault.
Uma das bases do processo do ex-piloto da Ferrari é uma declaração de Bernie Ecclestone. Em entrevista concedida ao “F1 Insider” em 2023, o ex-dirigente afirmou que tinha conhecimento da batida de Nelsinho ainda em 2008, o que, segundo Massa, possibilitaria a revisão da corrida. No entanto, em entrevista ao jornal “The Times” nesta semana, Ecclestone, de 94 anos, se defendeu e disse que não havia como investigar o caso antes do término da temporada.
— Não havia a menor chance no mundo de alguém mudar ou cancelar aquela corrida. Sempre há pessoas que gostariam de cancelar, mas tentar persuadir o presidente da FIA a convocar uma reunião extraordinária… não havia previsão para que isso acontecesse — declarou Ecclestone.
Segundo ele, Max Mosley, então presidente da FIA, também sabia que não havia evidências suficientes para abrir uma investigação naquele momento:
— Max sabia que não havia evidências suficientes para fazer qualquer coisa. Só começou depois, quando Nelsinho decidiu falar ao perceber que não teria um assento no ano seguinte. Não era uma tentativa de encobrir, mas proteger a imagem da Fórmula 1 — explicou.
Ecclestone ainda questionou a interpretação da entrevista de 2023 e afirmou que sequer se recorda do conteúdo:
— Foi uma entrevista que dei a alguém na Alemanha, que não tinha um inglês muito bom e estava tomando notas. Depois, foi retomada por alguém na Inglaterra. Meus advogados, os da FIA e da F1 não entendem como isso pode ser usado em tribunal — disse.
As primeiras audiências do processo de Massa na Suprema Corte de Londres estão previstas para os dias 28 a 31 de outubro. O piloto busca não apenas contestar o resultado do campeonato, mas também que a FIA reconheça ter violado seus próprios regulamentos ao não investigar a batida de Singapura.
Massa também cobra 64 milhões de libras (aproximadamente R$ 457 milhões), valor que inclui o bônus que receberia pelo título de 2008, diferenças salariais, oportunidades de patrocínio e publicidade, além do que poderia ter faturado até o fim da carreira.
Em declaração ao jornal inglês, Massa afirmou que a responsabilização é essencial para prevenir fraudes futuras:
— Aqueles a quem foi confiada a proteção do esporte violaram seus deveres e não podem se beneficiar ao encobrir sua própria má conduta. Essa conduta é inaceitável, especialmente em um esporte seguido por milhões, incluindo crianças. Vamos levar isso até o fim para alcançar um desfecho justo — disse o piloto de 44 anos.
O campeonato de 2008 foi decidido dramaticamente na última volta do GP do Brasil, quando Lewis Hamilton ultrapassou Timo Glock e conquistou o título por apenas um ponto de vantagem sobre Massa. No GP de Singapura, o brasileiro liderava até a batida proposital de Nelsinho. Um erro da Ferrari na troca de combustível ainda atrasou Massa, que terminou a corrida em 13º, enquanto Hamilton foi terceiro e somou pontos cruciais.
Massa argumenta que, se a corrida de Singapura fosse anulada, teria encerrado o campeonato com 97 pontos, superando os 92 de Hamilton.
