A McLaren já enfrentou duelos internos intensos em sua história – como nos tempos de Lewis Hamilton e Fernando Alonso, ou, no caso mais emblemático, entre Ayrton Senna e Alain Prost. Agora, um novo capítulo pode estar se desenhando. Em 2025, Oscar Piastri e Lando Norris ocupam as duas primeiras posições na Fórmula 1, separados por apenas dez pontos. Zak Brown, CEO da equipe, já admite: uma colisão entre os dois é praticamente inevitável.
Nesta semana, o dirigente americano deu mais detalhes sobre sua visão a respeito da rivalidade crescente. Apesar de prever um possível incidente entre seus pilotos, Brown acredita que Piastri e Norris têm maturidade suficiente para lidar com isso de forma profissional – e fez questão de lembrar que não espera repetir o cenário tenso vivido por Senna e Prost em Suzuka.
— Pode ser apenas uma disputa por posição, talvez um erro de freada, algo circunstancial. O importante é que vamos conversar, analisar e aprender com isso. Mas não acredito que veremos algo como Suzuka novamente com nossos pilotos — afirmou Zak, em entrevista ao site The Race.
A rivalidade histórica entre Senna e Prost começou em 1988, quando o brasileiro trocou a Lotus pela McLaren para ser companheiro de equipe do francês. Ayrton conquistou o título naquele ano, após vencer em Suzuka em uma atuação memorável: largou mal, caiu para 14º e se recuperou de forma brilhante até assumir a liderança, ultrapassando Prost.
No ano seguinte, o clima já era tenso nos bastidores. A situação piorou em Ímola, na segunda corrida da temporada, quando Senna desrespeitou um acordo de não ultrapassagem logo na primeira volta, o que azedou de vez a relação. O desfecho veio novamente em Suzuka: Prost forçou uma batida para tirar Senna da disputa e conquistar o tricampeonato. Apesar de Ayrton ter voltado à pista e vencido a corrida, acabou desclassificado por cortar a chicane.

Com o ambiente insustentável, Prost foi para a Ferrari em 1990. E o duelo continuou. Em Suzuka, novamente decisiva, foi Senna quem revidou: fechou a porta na primeira curva e os dois bateram, o que garantiu o bicampeonato do brasileiro.
Mais de três décadas depois, Norris e Piastri surgem como os protagonistas da vez. O australiano chegou à McLaren em 2023, após ser campeão da Fórmula 3 e da Fórmula 2. Embora tenha sido ofuscado por Norris nos dois primeiros anos, em 2025 ele já venceu três das cinco etapas disputadas e surpreendeu ao despontar como um forte candidato ao título.
Enquanto isso, Norris parece sentir a pressão. Em 2024, tentou ameaçar o domínio de Max Verstappen, mas não conseguiu manter o ritmo. Agora, com o carro mais competitivo do grid e sob as chamadas “regras papaia” – que permitem disputa livre entre os pilotos da McLaren –, o embate interno está ainda mais acirrado.
Apesar disso, Zak Brown garante que a relação entre os dois pilotos é sólida e baseada no respeito mútuo:
— Temos uma relação saudável com nossos pilotos, e eles entre si também. Eles podem disputar de forma intensa na pista e, no fim, apertar as mãos, mesmo que haja algum desconforto no meio do caminho.
O CEO da equipe também reforçou a confiança em sua dupla:
— Não trocaria essa dupla por nenhuma outra no grid. São grandes profissionais, verdadeiros jogadores de equipe, se respeitam e se desafiam constantemente para melhorar — concluiu Brown.
O próximo capítulo dessa rivalidade poderá ser escrito já neste domingo (4), no Grande Prêmio de Miami, que acontece às 17h (horário de Brasília).