A Fórmula 1 tentou apimentar o pouco movimentado GP de Mônaco deste domingo ao tornar obrigatórias duas trocas de pneus durante a prova, mas o resultado não foi o esperado. Apesar da nova regra, o top 4 final repetiu exatamente a ordem da largada, e os pilotos não pouparam críticas à mudança. Diante disso, Christian Horner, chefe da Red Bull Racing, apontou que a solução pode estar na própria pista.
— A única forma real de incentivar ultrapassagens é criar uma área de frenagem maior, seja na saída do túnel ou na curva 1. Se for possível ampliar alguma zona de freada, deveríamos avaliar isso. Os carros são tão largos hoje que não dá para ficar lado a lado. Mônaco é um circuito histórico e icônico, mas já mudou muito ao longo dos anos, com grande parte do terreno conquistado ao mar — defendeu Horner.
A regra dos dois pit stops, imposta excepcionalmente para a corrida no Circuito de Monte Carlo, tinha o objetivo de tirar as equipes da zona de conforto: até então, a posição de largada praticamente definia o resultado da prova, com as equipes apenas gerenciando os pneus para estender o máximo possível seus períodos na pista.

Porém, o efeito foi o contrário: os pilotos ficaram presos no tráfego, esticaram suas passagens por volta esperando um safety car ou bandeira vermelha, e seguraram seus rivais — como foi notado na disputa entre Williams e Mercedes.
Um exemplo foi Yuki Tsunoda, que usou os pneus duros durante 72 das 78 voltas, enquanto Oliver Bearman, novato da Haas, completou 59 voltas com compostos médios.
— Precisávamos de uma área onde fosse possível ultrapassar. Todos sabem que aqui a corrida estava praticamente decidida já no sábado, e a introdução do pit stop forçado trouxe pouca mudança: dos 10 primeiros colocados, exceto pelo abandono de Fernando Alonso por falha mecânica, ninguém mudou de posição — analisou Horner, acrescentando:
— Mônaco é assim, sabemos disso e todos queremos correr aqui, pelo prestígio e pelo cachê que a etapa oferece. Mas é preciso acompanhar os novos tempos. Os fiscais fazem um trabalho excelente e organizam um grande evento, mas até na Fórmula 2 e nas corridas de apoio a dificuldade para ultrapassar é a mesma.
As críticas aos rumos da corrida foram muitas. Carlos Sainz chegou a mencionar uma possível “manipulação”, referindo-se a pilotos que seguraram o pelotão. Max Verstappen sugeriu, em tom de brincadeira, que cascas de banana fossem jogadas na pista para estimular a disputa. Já George Russell propôs o uso de sprinklers para molhar o traçado e promover mudanças.
A Fórmula 1 retorna já neste fim de semana com o GP da Espanha, nona etapa do campeonato.