A Noruega ainda não está matematicamente classificada para a Copa do Mundo de 2026, mas a vaga está praticamente assegurada. Para perder o lugar no Mundial, a seleção teria de ser derrotada pela Itália por 9 a 0 no próximo domingo — cenário considerado irreal. Assim, o país se aproxima de voltar ao torneio quase três décadas após sua última participação, em 1998, quando derrotou o Brasil na fase de grupos antes de cair para os italianos nas oitavas.
A nova era do futebol norueguês é liderada por Erling Haaland, do Manchester City, e Martin Odegaard, do Arsenal, que encabeçam a geração mais talentosa da história do país. O técnico Stale Solbakken, ex-meio-campista da seleção nos anos 1990, afirma que nunca houve tantos jogadores decisivos atuando juntos pela Noruega.

Para Solbakken, o atual elenco possui atletas com “fator X”, capazes de resolver partidas em detalhes. Ele reconhece Haaland como a principal referência ofensiva, mas destaca que outros companheiros também podem decidir jogos — algo impensável quando ele próprio vestia a camisa norueguesa.
Historicamente, a Noruega teve participações modestas no futebol internacional. Além das Copas de 1938, 1994 e 1998 e da Eurocopa de 2000, raramente esteve entre as grandes seleções do mundo. Porém, a chegada de estrelas globais transformou o ambiente. Lise Klaveness, presidente da federação local, afirma que a presença de Haaland e Odegaard exige reforços de segurança e estrutura, refletindo o novo status da equipe. Segundo ela, há um sentimento coletivo de que “a vez da Noruega finalmente chegou”.
O futebol do país passou por mudanças profundas desde os anos 1990, quando era conhecido pelo estilo defensivo e de passes longos. Mesmo com nomes como Ole Gunnar Solskjaer, acreditava-se que a seleção não poderia competir sem recorrer a esse modelo. A evolução do esporte, no entanto, tornou a abordagem obsoleta, e em 2018 a Noruega chegou a ocupar o 87º lugar no ranking da Fifa.
A transformação ganhou força em 2021, com a chegada de Solbakken ao comando. Com experiência consolidada no Copenhague, ele implementou um futebol mais ofensivo, baseado em posse, pressão e liberdade criativa. O treinador admite que a equipe ainda preserva cuidados defensivos, mas argumenta que jogadores como Haaland e Odegaard precisam ter protagonismo com a bola.
A reconstrução, porém, passou por momentos difíceis. A Noruega ficou fora da Copa de 2022 e da Euro de 2024, em campanhas marcadas por derrotas para seleções mais tradicionais. Houve críticas às fragilidades defensivas, levando Solbakken a orientar os atletas a buscarem inspiração no futebol sul-americano, aprendendo a “saber sofrer” durante as partidas.
A resposta veio nas Eliminatórias para 2026. Com sete vitórias em sete jogos e saldo de 29 gols, a Noruega apresenta um futebol competitivo e dominante. Além das duas estrelas principais, o elenco conta com jogadores de destaque em grandes clubes europeus, como Oscar Bobb, Sorloth, Larsen, Antonio Nusa, Ryerson e Schjelderup.
Rumo à sua quarta participação em Copas do Mundo, a seleção norueguesa chega embalada por atuações convincentes e pela melhor geração que o país já produziu. A classificação está prestes a se confirmar, e a equipe projeta superar a histórica campanha de 1998.
Líder do Grupo I com 21 pontos, a Noruega encerra sua participação nas Eliminatórias diante da Itália, vice-líder com 18. Como o saldo de gols é o primeiro critério de desempate, apenas uma improvável goleada italiana por nove gols altera a tabela. Caso isso não aconteça, a Azzurra disputará mais uma repescagem — após fracassar nas tentativas anteriores, em 2018 e 2022, quando acabou fora das duas últimas Copas do Mundo.












