Na última quarta-feira, a Arena Barueri foi palco de uma polêmica após a Federação Paulista de Futebol (FPF) emitir uma ordem de interdição ao estádio. Leila Pereira, presidente do Palmeiras e proprietária da empresa que administra a arena, interpretou a decisão como uma retaliação da FPF ao clube, motivada pela falta de apoio à candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos na eleição para a presidência da CBF.
A administração da Arena Barueri apresentou à FPF um Plano de Ação para a realização de partidas com público reduzido, que previa:
Utilização do quarto andar da arena para as duas equipes, com cada uma ocupando um lado diferente do setor;
Instalação de divisórias físicas para separar as torcidas;
Acesso exclusivo para a torcida mandante pelo estacionamento, via Portão VIP 1;
Acesso exclusivo para a torcida visitante pela rua lateral, no Portão VIP 2.
Ainda na quarta-feira, o Palmeiras enviou um novo ofício à Federação solicitando a revogação da portaria de interdição, com base no plano apresentado, para que os jogos pudessem voltar a ser realizados com público no estádio.

A decisão da FPF afeta apenas as competições sob sua organização. A CBF, por sua vez, confirmou a manutenção da partida Palmeiras x Cruzeiro, válida pelo Brasileirão Feminino, que será disputada com portões fechados, conforme determinação do diretor de competições Julio Avellar.
Em resposta ao clube, a Federação solicitou documentação adicional, como o objetivo das obras, a área do estádio afetada, o espaço interditado e o prazo das reformas. O laudo de engenharia apresentado foi considerado insuficiente, pois não contemplava aspectos do uso e operação do estádio em dias de jogo, nem as adequações provisórias necessárias. A expectativa é que a administração da arena envie os documentos complementares ainda na manhã desta quinta-feira.
As obras na Arena Barueri são uma continuidade da reforma iniciada em setembro do ano passado, que incluiu a instalação de novo gramado, iluminação, vestiários, cabines e cadeiras, entre outras melhorias previstas no contrato de concessão firmado com a empresa de Leila Pereira.
Atualmente, estão em andamento a modernização das lanchonetes, a instalação de iluminação interna, a pintura do piso desgastado e a reforma dos banheiros do terceiro andar do prédio azul — os últimos pontos ainda em reforma. O investimento total já ultrapassa os R$ 70 milhões.
Entretanto, a liberação do público tem atrasado o cronograma, pois a cada jogo são perdidos de três a quatro dias de trabalho. Por isso, a administração solicitou um prazo de 20 dias para concluir as obras mais urgentes, especialmente nas lanchonetes e na pintura do piso.
No caso das lanchonetes, as obras precisam ser interrompidas até dois dias antes de cada partida para armazenamento dos materiais e limpeza, retomando o trabalho somente após o jogo. Quanto à pintura do piso, que utiliza tinta epóxi — reconhecida pela durabilidade —, é necessário um período para a secagem antes da liberação do local.
Outros serviços, como a instalação de luminárias, pintura de áreas específicas e passagem de cabos de internet, podem ser realizados mesmo em dias de jogo.
A FPF baseia sua decisão na notificação recebida do Palmeiras em 16 de maio, informando que o estádio permaneceria sem público até o fim de junho. De acordo com o Artigo 8º, inciso 4º, do Regulamento Geral de Competições, a Federação não permite jogos sem público em seus torneios, o que motivou a portaria de interdição.
Por causa dessas obras, o Palmeiras já havia realizado a partida contra a Ferroviária pelo Paulista Feminino, no dia 14 de maio, com portões fechados, justificando o motivo em nota oficial. A FPF, no entanto, afirmou que não houve autorização para a realização do jogo nessas condições, deixando o clube sujeito a sanções, embora nenhuma punição tenha sido aplicada até o momento.
Nos bastidores, Leila Pereira classifica a medida como abuso de poder e entende que a interdição é uma retaliação política devido ao apoio dela ao candidato Samir Xaud na eleição da presidência da CBF — candidatura que inviabilizou a do atual presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos. Por sua vez, a FPF nega qualquer motivação política em sua decisão, e Carneiro Bastos não comentou a acusação.