Poucos dias antes de vencer o GP do Canadá, George Russell comentou em entrevistas sobre a possibilidade de explorar a vulnerabilidade de Max Verstappen, que estava a apenas um ponto de ser suspenso por uma corrida na Fórmula 1. A Red Bull Racing (RBR) não deixou passar despercebido esse cenário, e o chefe da equipe, Christian Horner, revelou ter solicitado aos comissários da prova canadense que ficassem atentos aos rivais de seu piloto.
“Era inevitável que houvesse algum tipo de jogo em potencial. Discutimos isso com o diretor de prova após a reunião com os pilotos, para que eles estivessem cientes, porque esse tipo de coisa pode acontecer. Apenas pedimos que ficassem atentos, já que havia comentários na mídia,” explicou Horner.
Em Montreal, a primeira fila do grid de largada foi justamente formada por Russell, na pole position, e Verstappen em segundo lugar. Nas redes sociais, surgiram diversos memes sobre a possibilidade de conflito entre os dois, e o piloto da Mercedes até provocou o holandês ao lembrar que tinha menos pontos na superlicença.
No entanto, a largada foi tranquila: Russell liderou a corrida com segurança, enquanto Verstappen teve que se defender da aproximação do terceiro colocado, Andrea Kimi Antonelli, especialmente após a segunda janela de pit stops.
“Na minha opinião, Max jogou limpo durante todo o fim de semana e fez uma corrida muito boa,” avaliou Horner.
O episódio que gerou controvérsia aconteceu na penúltima volta, ainda sob safety car acionado após um acidente de Lando Norris no 67º giro. Após o terceiro pit stop, Russell, líder da prova, seguia muito próximo ao carro de segurança e, de repente, reduziu a velocidade de forma abrupta à frente de Verstappen. O holandês quase ultrapassou o rival, mas recuou imediatamente.
“George simplesmente freou de forma agressiva,” reclamou Verstappen pelo rádio da equipe.
Russell estava colado na traseira do safety car antes de desacelerar. Logo após, ele também se queixou pelo rádio: “Verstappen acabou de me ultrapassar sob safety car.”
A Red Bull protocolou um protesto contra o resultado da corrida. Por volta das 17h50 locais (18h50 em Brasília), cerca de 1h30 após a bandeirada, Verstappen e Russell foram ouvidos em reunião com os comissários da Fórmula 1, acompanhados de suas equipes técnicas.
De acordo com o documento oficial da Federação Internacional do Automobilismo (FIA), a RBR alegou que Russell “freou desnecessariamente e de forma errática atrás do safety car” na penúltima volta, infringindo o Artigo 12.2.1m do Código Internacional do Esporte, e usou essa manobra para acusar Verstappen de ultrapassagem ilegal sob bandeira amarela.
O artigo proíbe “qualquer infração dos princípios de justiça na competição, comportamento antidesportivo ou tentativa de influenciar o resultado de uma competição de forma contrária à ética esportiva”.
A audiência durou cerca de 45 minutos, mas o resultado só foi divulgado às 22h10 no horário brasileiro. O protesto foi rejeitado e a vitória de George Russell mantida.
“Max estava conversando com vocês (imprensa) e não fazia ideia do protesto. O competidor tem o direito de apresentar um protesto. São 2.000 euros por ação, mas ficamos surpresos que nada tivesse sido registrado e enviado aos comissários. Portanto, como competidor, você tem esse direito, e foi isso que decidimos fazer,” justificou Horner.
A FIA aceitou a defesa da Mercedes, que apresentou dados de telemetria comprovando os padrões de aceleração e frenagem dos dois pilotos. A equipe também explicou que Russell tentou sinalizar ao safety car para aumentar a velocidade, freou para ampliar a distância em relação ao veículo e só fez isso ao confirmar que Verstappen estava ao seu lado.
Verstappen mantém seus 11 pontos na superlicença, documento obrigatório para competir na Fórmula 1. Caso seja penalizado antes de 30 de junho de 2025, o piloto holandês será suspenso de uma corrida, o que poderia ocorrer no GP da Inglaterra, em 6 de julho.
A Fórmula 1 retorna em duas semanas com o GP da Áustria, marcado para o dia 29 de junho, válido pela 11ª etapa do campeonato.
