Carlos Belmonte deixou o cargo de diretor de futebol do São Paulo após um embate direto com o presidente Julio Casares sobre a estratégia adotada para reduzir a dívida do clube. Apesar da chegada de nove reforços nesta temporada, nenhum deles envolveu investimento em direitos econômicos, o que ampliou a insatisfação interna.
As contratações anunciadas para 2025 — Oscar, Tapia, Cédric, Wendell, Enzo Díaz, Juan Dinenno, Rafael Tolói, Rigoni e Maílton — foram viabilizadas sem custo de aquisição. Para Belmonte, essa política compromete o rendimento esportivo e não contribui de forma significativa para diminuir o endividamento, estimado atualmente em R$ 912 milhões.

O balanço financeiro de 2024 agravou o alerta: o São Paulo encerrou o ano com déficit de R$ 287,6 milhões. O cenário reforçou o debate entre o ex-diretor e a cúpula tricolor sobre o modelo de gestão e prioridades administrativas.
Belmonte defende que investir no elenco é indispensável para manter a competitividade. Ele citou Palmeiras e Flamengo como exemplos de clubes que aliam maiores investimentos a resultados expressivos, como a final da Libertadores e o protagonismo no Brasileirão.
“Não existe resultado sem investimento”, afirmou. “A torcida quer reduzir a dívida a qualquer custo ou busca um projeto mais equilibrado? Eu não acredito no corte absoluto.”
Segundo o ex-diretor, a diminuição substancial do passivo só será possível com uma equipe forte. Ele argumenta que, sem investimento, a redução anual — entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões — é insuficiente diante da dívida próxima de R$ 900 milhões.
A demissão de Belmonte ocorreu na última sexta-feira, um dia após a derrota por 6 a 0 para o Fluminense, no Maracanã. Mesmo contrário à política atual, ele descarta um risco imediato de rebaixamento, embora reconheça que a falta de reforços aumenta a instabilidade.
“Este ano é visto como ruim, mas estamos em oitavo no Brasileirão e terminamos a Libertadores em quinto. Não houve risco real de queda”, avaliou.
Belmonte reforçou que a manutenção da austeridade pode manter o São Paulo distante das primeiras posições e, em cenários adversos, aproximar o clube da zona de risco. Ele afirmou que continuará compartilhando suas ideias internamente, apesar de não estar mais à frente do futebol.
Diretor entre 2021 e dezembro de 2025, Belmonte segue como conselheiro tricolor, alinhado à base política que sustenta a gestão de Julio Casares.












