A crise no San Lorenzo, um dos clubes mais tradicionais da Argentina, atingiu um novo e grave patamar nesta semana. Segundo o jornal Clarín, o clube está praticamente paralisado e precisa quitar uma dívida de 4,7 milhões de dólares (cerca de R$ 28 milhões) até domingo (19) para evitar a falência.
Nos últimos dias, funcionários da secretaria e da tesouraria renunciaram a seus cargos, o que impossibilita até mesmo a assinatura de novos contratos. A situação se agravou após decisão judicial que determinou o retorno de Marcelo Moretti à presidência — ele havia deixado o cargo em abril. Apesar de estar novamente habilitado a autorizar pagamentos, Moretti não consegue efetivar operações financeiras sem a assinatura de um secretário.
Moretti, eleito presidente em 2023, tornou-se o centro de uma série de escândalos que abalaram o clube. Um vídeo divulgado recentemente mostra o dirigente recebendo um pacote de dinheiro sem o devido registro contábil. Além disso, há denúncias de falsificação de documentos feitas por ex-dirigentes.
Após o episódio, Moretti foi afastado, e treze dirigentes apresentaram suas renúncias. Na prática, a administração foi considerada encerrada. No entanto, com a decisão da Justiça que autorizou seu retorno, o dirigente tentou reassumir o comando do clube na última segunda-feira, mas foi recebido com protestos e hostilidade.
Centenas de torcedores se reuniram na sede do San Lorenzo para exigir sua saída definitiva. Durante o tumulto, objetos foram arremessados contra o presidente, que precisou deixar o local escoltado pela polícia.
A crise política é acompanhada por forte oposição interna. O presidente do Conselho de Administração, Ulises Morales, chegou a sugerir que Moretti se submeta a uma “avaliação psiquiátrica” e defendeu a realização de novas eleições após a formação de um governo de transição.
Dentro de campo, a situação também é preocupante. Fora das competições continentais em 2025, o San Lorenzo sofre com o impacto financeiro da ausência de receitas internacionais. A equipe, comandada por Damián Ayude, ocupa o sexto lugar do Grupo B do Clausura Argentino, com 16 pontos, e enfrenta o Atlético Tucumán na próxima segunda-feira (20), às 21h15, fora de casa.
A dívida que ameaça o futuro do clube tem origem em 2020, quando o San Lorenzo vendeu o atacante Adolfo Gaich ao CSKA Moscou. À época, o então presidente Marcelo Tinelli contraiu dois empréstimos com o fundo suíço AIS Investment Fund — um de 1,5 milhão de dólares e outro de 2,5 milhões — com o objetivo de antecipar valores da transferência.
No entanto, o clube não quitou nenhuma das parcelas previstas. Mesmo após o CSKA realizar o pagamento da venda de Gaich, o San Lorenzo não repassou o valor ao fundo credor. A pendência se arrasta desde então, acumulando juros e correções.
Em 2021, o clube reconheceu oficialmente a dívida de 4 milhões de dólares e chegou a firmar acordos para o pagamento, mas nada foi cumprido. Agora, a Justiça argentina determinou o prazo final: até domingo (19), o San Lorenzo precisa pagar 4,7 milhões de dólares, sob pena de falência imediata.
