O São Paulo Futebol Clube apresentou, na noite desta terça-feira (8), as demonstrações financeiras referentes ao ano de 2024. Os dados foram submetidos ao Conselho Deliberativo do clube, que tem até as 17h desta quarta-feira para aprovar ou rejeitar as contas. O relatório mostra uma situação financeira delicada, com déficit de R$ 287 milhões e endividamento total de R$ 968,2 milhões.
O valor representa um aumento de R$ 112,2 milhões em relação a 2023, quando a dívida estava em R$ 856 milhões. Este é o segundo ano consecutivo de déficit nas contas do Tricolor — em 2023, o resultado negativo foi de R$ 62,2 milhões.
Julio Casares reconhece cenário difícil
O presidente Julio Casares se manifestou nas redes sociais e reconheceu o tamanho do desafio:
– É claro que o resultado não é o que gostaríamos, mas temos um planejamento para estancar a sangria da dívida e deixar o São Paulo Futebol Clube com mais musculatura para quem me suceder e para o centenário, em 2030 – disse o presidente Julio Casares, em publicação em uma rede social.
Segundo ele, os principais motivos para o alto déficit em 2024 são:
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Manutenção de um elenco competitivo para disputar títulos;
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Pagamento de juros bancários e empréstimos contraídos para manter o fluxo de caixa;
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Quitação de tributos e multas, muitos deles oriundos do período da pandemia, que somaram quase R$ 90 milhões;
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Mudança na contabilização das categorias de base, que passaram a ser registradas como despesa, e não mais como investimento — o que impactou em cerca de R$ 40 milhões.

Receita recorde em meio à crise
Apesar do déficit e do aumento da dívida, o São Paulo registrou em 2024 uma receita recorde de R$ 731 milhões, superando os R$ 669,5 milhões de 2023, ano em que o clube conquistou a Copa do Brasil.
Um dos mecanismos utilizados para aliviar a pressão financeira foi o lançamento de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), criado para amortizar dívidas com bancos e instituições. Segundo Casares, R$ 135 milhões já foram captados, e novos aportes estão previstos nos próximos meses com contratos futuros.
– Tal produto foi bem aceito pelo mercado financeiro. Já captamos R$ 135 milhões nos primeiros meses, a verba foi utilizada para pagamentos de dívidas, tributos e fluxo de caixa. Nos próximos meses, vamos aportar mais contratos futuros para a antecipação e liberação de receitas – disse.194
O que vem pela frente
A diretoria do clube aposta nesse planejamento financeiro para buscar um equilíbrio a médio e longo prazo, mirando um São Paulo mais sólido até o seu centenário, em 2030. A votação do Conselho Deliberativo será decisiva para validar as estratégias adotadas até aqui.