O Grande Prêmio da Bélgica, no último domingo, marcou o início de uma nova fase na equipe Red Bull Racing (RBR). Pela primeira vez em quase duas décadas, o time disputou uma corrida sem seu ex-chefe Christian Horner, demitido no início de julho. Os resultados modestos de Max Verstappen (4º lugar) e Yuki Tsunoda (13º) refletem um momento conturbado, com o próprio desempenho da equipe sendo apontado como um dos principais motivos da saída do dirigente.
Segundo Helmut Marko, consultor da RBR, a decisão foi tomada pela direção da Red Bull, especificamente por Oliver Mintzlaff, diretor de novos projetos da empresa. “Informamos Christian Horner sobre a decisão em Londres. Agradecemos pelos 20 anos de trabalho e pelos oito títulos mundiais, mas essa decisão foi consequência de diversos fatores — principalmente a queda de desempenho”, declarou Marko à Sky Alemanha, durante o GP.
A saída de Horner acontece em meio a um cenário delicado. A RBR, atual campeã de construtores, vem enfrentando dificuldades técnicas e perdeu espaço para rivais como a McLaren. Além disso, o ex-chefe de equipe esteve no centro de diversas polêmicas em 2024, incluindo uma disputa interna com o próprio Marko e Jos Verstappen, pai de Max. Houve até rumores sobre uma possível saída de Max da equipe, caso Marko fosse desligado.

Outro episódio marcante foi o planejamento da renovação de contrato com Sergio Pérez, seguida da intenção de demiti-lo ao final da temporada, abrindo espaço para testes com dois pilotos diferentes nos três primeiros GPs de 2025. Os rumores de uma possível saída de Verstappen em 2026, motivados pela queda de rendimento da equipe — hoje apenas a quarta colocada no Mundial de Construtores — também geraram instabilidade.
Christian Horner entrou para a RBR em 2005, ano de estreia da equipe na Fórmula 1. Sob sua liderança, a escuderia conquistou oito títulos de pilotos, seis de construtores, 124 vitórias e 287 pódios em 405 GPs. Com sua saída, a Red Bull promoveu o francês Laurent Mekies, ex-Ferrari e até então chefe da equipe satélite RB. No lugar de Mekies na RB, assumiu Alan Permane.
“Laurent já mostrou excelente comunicação com a equipe e tem um perfil técnico muito forte, essencial diante da complexidade atual da Fórmula 1. Ele ficará mais focado no aspecto técnico e nas competições”, afirmou Marko, reforçando que a nova estrutura traz funções com escopos mais bem definidos.
Logo em sua estreia, Mekies realizou mudanças relevantes. Uma delas foi destinar ao carro de Yuki Tsunoda um novo assoalho — originalmente uma peça reserva para Verstappen. Com a atualização, o japonês surpreendeu ao conquistar o 7º lugar no treino classificatório, seu melhor desempenho da temporada. Contudo, uma falha na estratégia de corrida, com o chamado aos boxes acontecendo tarde demais, comprometeu sua performance no domingo, e ele terminou fora da zona de pontuação, em 13º. Mekies reconheceu o erro.
A reestruturação e os primeiros movimentos do novo comando sinalizam que a RBR busca retomar o caminho do sucesso, mesmo em meio aos desafios e às incertezas que marcam este período de transição.