CEO convocou coletiva no clube nesta terça-feira
O CEO da SAF do Fortaleza, Marcelo Paz, lamentou o momento ruim do clube (quatro jogos em vencer). Em entrevista coletiva convocada pelo próprio dirigente, Paz comentou a fase, desculpou-se com a torcida, e abordou temas diversos como contratações, clonagem de cartões dos sócios e SAF.
– Não é um bom momento, temos que reconhecer. Não é normal. Não são só as derrotas, mas as atuações não foram boas. Se a gente considerar 100 minutos de cada jogo, dos 400 talvez a gente tenha tido 70 minutos bons. Não há desculpa. Não é gramado, arbitragem, tempo de descanso, nada justifica. A gente tem que reconhecer e todo mundo aqui no Pici sabe disso – afirmou.
O CEO fez ainda questão de frisar que as relações dentro do Fortaleza não estão balançadas. Ressaltou ainda que os salários dos reforços de 2025 não são maiores do que o de nenhum jogador da mesma posição entre os remanescentes.
– Quando o momento não é bom, as falas se repetem. Salário atrasado, não foi pago o bicho, ciúme, vaidade… Quando o período é ruim, as teorias se ampliam. Futebol é um esporte complexo em que se buscam respostas simples. Ah, a culpa é do CEO, do treinador, do jogador… Não vejo essa ciumeira. Nenhum dos que vieram têm salário maior do que os que estavam já na sua posição. Não é uma distorção salarial que causa ciúme. Quem diz isso está mentindo. Sempre tivemos esse cuidado com o Fortaleza. O que está acontecendo é uma questão técnica. Técnica. O time não está rendendo o que é para render.
O Fortaleza volta a campo nesta quarta-feira contra o Ferroviário pela quinta rodada da fase de grupos da Copa do Nordeste. O jogo será às 19h na Arena Castelão.
Veja os principais pontos da coletiva do CEO
Números positivos
– Nós somos reféns do próprio sucesso. O Fortaleza tem uma expectativa muito alta. A Série A do ano passado, a Copa do Nordeste do ano passado. Não quero acreditar que o time está de salto alto. Sei que há incômodo no torcedor em relação aos Clássicos. Retrospecto não é bom. Mas de 2019 o Fortaleza jogou 11 finais e não perdeu nenhum jogo. Nove foram contra o Ceará. De 2015 para cá, ganhamos sete títulos. Na hora da final o Fortaleza chega forte, chega forte para uma disputa de título.
SAF
– O modelo SAF é um modelo mais moderno que dá mais possibilidades ao clube. De receber investimentos, um clube associativo não pode receber investimento. O modelo foi feito para que o Fortaleza, em determinado momento, pudesse receber os investimentos. A busca continua por um investidor minoritário. O Fortaleza não tem interesse em vender e fazer com que quem compre seja um dono. É um modelo diferente. E esse modelo é muito mais difícil. A gente acredita que é possível ter parceiros estratégicos que contribuam e possam fazer o clube crescer.
Clonagem de cartões
– Isso houve, reconhecemos. Mas eu pedi dados ao pessoal do sócio. Quantas pessoas vieram de fato reclamar dos vazamentos? 231 pessoas. De uma base de 40 e tantos mil sócios, não é um percentual tão alto. Acho que tem mais do que 231. Tem gente que não veio reclamar, que não percebeu, acho que tem mais gente. Mas é importante balizar a situação porque acham que foi todo mundo. Até agora foram 231 pessoas e todas tiveram atenção. Quais ações foram feitas efetivamente? Quando se descobriu o problema, mudou-se a chave de acesso ao sistema. Estabeleceu-se um contato com a empresa. Contratamos uma consultoria externa para identificar problemas e projetar problemas. E todas as situações relatadas são de 13 de janeiro para trás.
Mercado da bola
– Planejamento vence pressa. Futebol brasileiro esse ano tem quatro janelas, só uma encerrou. É possível sim que ainda venham jogadores. Não vou falar em quantidade, em posições. O que eu quero esportivamente é ganhar jogo.
Continuidade de elenco
– Continuidade é um dos caminhos para o sucesso em qualquer tipo de empresa. Não pode ser confundido com acomodação, apadrinhamento, gratidão. Aqui é performance. Se você for lembrar de uns anos para cá, vários jogadores de alto nível, que tinham história no clube, tiveram os ciclos encerrados. Quem está aqui é porque tem performance para entregar.
Sobre Tinga e as cobranças da torcida
– Tinga é um atleta profissional de alto nível. É desejado por clubes no Brasil. Tem uma identificação enorme com o Fortaleza. Capitão, ídolo, fez a diferença com gols, assistências, tem gols importantes, assistências importantes. É um atleta que tem performance. Quando o atleta, o gestor, fica muito tempo, está mais sujeito a críticas, a cobranças. Não sei se cansa a imagem, então vamos cobrar mais, vamos cobrar mais. É da vida, é do mundo. E o que ele tem que entregar é performance. Futebol de alto nível é performance. O que sustenta o Tinga ou qualquer outro jogador é performance. Se ele deixar de entregar, o professor vai ver isso. Não é por gratidão. É por performance.
Júnior Santos
Arrependimento grande que eu tenho de ter tirado o Júnior Santos! Mas o cara era vaiado no aquecimento! E está aí, vendido por oito milhões de euros, finalista de Libertadores, artilheiro da competição, podia estar aqui. E a gente se precipitou. Tomou uma decisão errada. Quando um atleta erra um lance, ele pode perder uma partida. Quando um dirigente erra um movimento ele pode comprometer um orçamento pesadíssimo.