A presença inesperada de Lionel Messi no Camp Nou pegou o Barcelona de surpresa. Sem aviso prévio, o maior ídolo da história do clube apareceu no estádio, gerando repercussão imediata e revelando, mais uma vez, o clima delicado entre o argentino e o presidente Joan Laporta — uma relação que já foi marcada por confiança, mas hoje está desgastada.
No dia seguinte, em entrevista à Rádio Catalunya, Laporta tentou esfriar rumores sobre um eventual retorno do camisa 10. O dirigente afirmou que não se arrepende da saída de Messi, reiterou que o Barcelona “está acima de tudo” e disse estar disposto a realizar uma homenagem, embora tenha descartado qualquer possibilidade concreta de reintegração.
A ligação entre Messi e Laporta remonta ao período em que o dirigente presidiu o clube pela primeira vez, entre 2003 e 2010, justamente quando o argentino deixou a base para se tornar um dos maiores jogadores da história. A relação, apontada pela imprensa espanhola como próxima, sofreu rupturas após o retorno de Laporta ao comando do Barça em 2021, em meio à crise institucional deixada por Josep Maria Bartomeu.

Antes mesmo das eleições que recolocaram Laporta no poder, Messi já demonstrava insatisfação com a gestão. A derrota por 8 a 2 para o Bayern, nas quartas da Champions, agravou o desejo de saída. Embora houvesse uma cláusula que permitia sua liberação gratuita, Bartomeu alegou que o prazo para ativá-la havia expirado, ampliando o desgaste. A situação piorou com a saída de Luis Suárez para o Atlético de Madrid, criticada publicamente pelo argentino.
Durante aquele período turbulento, Laporta se posicionou contra Bartomeu e defendeu sua renúncia, alegando que o ex-presidente tentava preservar-se “minando a moral de Messi”. Com a queda de Bartomeu, Laporta oficializou sua candidatura e colocou a permanência do craque como peça central de sua plataforma.
A campanha contou com um gesto incomum: Messi compareceu pessoalmente às urnas ao lado do filho para votar nas eleições do clube, movimento visto como sinal de apoio à volta de Laporta. O dirigente venceu, mas não cumpriu a principal promessa. Ao fim da temporada, o Barcelona, estrangulado pelas regras do fair play financeiro, não conseguiu inscrever o camisa 10. Messi, que desejava ficar, deixou o clube sentindo-se enganado pela falta de transparência no processo.
Em entrevista recente à TV espanhola, Laporta admitiu o desgaste na relação após a saída, embora tenha dito que houve algum grau de reaproximação. Porém, segundo Jordi Mestre, ex-vice-presidente do Barça, Messi e sua família ainda guardam forte ressentimento pelo ocorrido.
Fechado para reformas desde maio de 2023, o Camp Nou reabriu parcialmente no dia 7 de novembro para um treino aberto. Durante o evento, Laporta afirmou novamente que pretende homenagear o ídolo. A declaração antecedeu em apenas três dias a visita inesperada do argentino, que, em publicação posterior, manifestou vontade de retornar ao clube no futuro, não apenas para uma despedida. Hoje, Messi tem contrato com o Inter Miami, renovado até 2028.












