O Mundial de Construtores é importante porque faz a McLaren sair de uma longa fila de títulos, mas não pode esconder o fato de que o time teve o melhor carro do ano e não foi capaz nem de disputar efetivamente a taça entre os pilotos. Já é hora de embalar com a taça e mirar seriamente Max Verstappen, só que o primeiro passo para isso é reconhecer que falhou em 2024
A McLaren acabou com o jejum e voltou a levantar uma taça neste domingo (8), em Abu Dhabi. Melhor carro do grid em 2024, a equipe papaia venceu o Mundial de Construtores, sagrando-se campeã pela primeira vez desde 1998. Ou desde 2008, levando-se em conta o troféu do Mundial de Pilotos no primeiro campeonato de Lewis Hamilton. De todo modo, sob qualquer perspectiva, uma fila de mais de uma década que não combinava em nada com o tamanho da gigante na história do esporte.
A McLaren faz parte de uma espécie de santíssima trindade das equipes da F1. É uma lenda do esporte, como são Ferrari e Williams. E aparece também no topo de tudo que é ranking histórico. Com o Mundial de Construtores de 2024, os ingleses passam a ficar atrás apenas dos 16 troféus da Ferrari, empatados justamente com a Williams e na frente de Mercedes, Lotus e Red Bull, por exemplo. Ainda, ocupam o segundo lugar em vitórias, títulos de pilotos, poles.
Ou seja, é impossível negar o tamanho da McLaren na história da F1, é uma verdadeira gigante. Mas a própria temporada do reencontro com as glórias mostra que algumas coisas ficaram no caminho e precisam ser reencontradas urgentemente. Coisas que, talvez, um troféu ajude a resgatar.
É que a McLaren deu, do final de 2023 até o título de 2024, algumas demonstrações de ter desaprendido a brigar na frente. Com um equipamento tão forte e regularmente melhor que o das adversárias diretas, não foi nem capaz, por exemplo, de desafiar verdadeiramente Max Verstappen pelo Mundial de Pilotos.
Bem verdade que Max é um fenômeno e que hoje ocupa um patamar só dele na F1, mas a McLaren poderia mais. Poderia, não, deveria. E o natural e justo, no primeiro momento, é olhar para o que foram as performances de Lando Norris e Oscar Piastri, que deixaram a desejar no aspecto de gerarem um incômodo maior para Verstappen. Não geraram quase incômodo algum, aliás.
Piastri ainda tem uma desculpa sólida: 23 anos de idade e apenas duas temporadas na F1. É natural que oscile, que tenha lá suas fases ruins. Na mesma época, Norris sofria para bater de frente com o então companheiro Carlos Sainz, por exemplo. Mesmo assim, é preciso ficar claro: duas vitórias e oito pódios com o melhor carro do grid é realmente pouca coisa.
O caso de Norris já é mais complexo. Um dos mais rápidos do grid, o inglês sempre foi colocado como futuro campeão pelo time papaia, mas demonstrou um despreparo preocupante para a briga em 2024. Lando refugou quando viu Max pela frente e foi sofrendo pequenas derrotas até ser atropelado de todas as maneiras na chuva de Interlagos, em corrida que sacramentou os rumos do campeonato. Sai do ano com quatro vitórias, o que também é muito pouco diante do cenário que a McLaren construiu.