Quatro anos nem parecem tanto tempo assim – e podem até não ser, mas há aquelas pessoas que precisam de um período curto para marcar de vez o nome na história. Na Fórmula 1, foi assim com Sebastian Vettel, quatro vezes campeão entre 2010 e 2013. E agora é assim com Max Verstappen, o mais novo tetra. Com o título assegurado em Las Vegas neste domingo, o holandês aumenta o seu prestígio no rol dos grandes nomes da história da categoria.
Mais do que isso: com a conquista, sucede o alemão e consagra a segunda dinastia da RBR na elite do automobilismo mundial.
E os números mostram que Verstappen pode entrar na briga para se tornar o maior de todos os tempos. O feito de Vettel, tetracampeão mais jovem da história, parecia assombroso em 2013. Só que o domínio atual do holandês é tão amplo que, ainda assim, seus números são melhores que os do alemão na comparação entre as duas eras. Max obteve, no total, 18 vitórias e 16 pódios a mais que Vettel nos períodos de dinastia.
Verstappen x Vettel durante as dinastias
Verstappen (2021-2024) | Vettel (2010-2013) | |
Corridas | 88 | 77 |
Vitórias | 52 | 34 |
% de vitórias | 59 | 44,1 |
Pódios | 69 | 53 |
% de pódios | 78,4 | 68,8 |
Desde o início da temporada de 2021, ano em que conquistou seu primeiro título, Max participou de 88 corridas na Fórmula 1 (ainda faltam duas em 2024). Neste período, venceu 52 provas. Portanto, o novo tetracampeão ganhou em 59% das vezes que disputou neste recorte de tempo. Isso significa dizer que, a cada dez corridas, Verstappen foi ao topo do pódio em torno de seis. O número de pódios neste período foi de 69.
Vettel, por outro lado, também tem número excelente no período entre 2010 e 2013, mas um pouco mais modesto na comparação: 34 vitórias. É verdade que o alemão esteve em 77 GPs, um número menor que o de Verstappen entre 2021 e 2024. Ainda assim, a porcentagem indica que Seb ganhou “apenas” 44,1% das provas possíveis durante sua dinastia. Foram 53 pódios para ele no período de glória, e o percentual também é menor na comparação com o holandês.
Caminhos parecidos para o sucesso
Verstappen fez sua primeira temporada completa na Fórmula 1 em 2015, pela STR (hoje RB), caçula de sua atual equipe. Seguiu o mesmo caminho que Vettel, aliás. Tornou-se o piloto mais jovem a disputar uma corrida na competição, com apenas 17 anos. No ano seguinte, também virou o mais jovem vencedor ao triunfar em sua estreia pela RBR, no GP da Espanha. Sinais claros de um grande talento a ser desenvolvido.
Em meio ao domínio da Mercedes com Lewis Hamilton no início da era híbrida, o holandês teve tempo para lapidar sua habilidade sem a pressão de disputar o campeonato. Pouco a pouco, começou a ser o “melhor do resto”, e acabou atrás apenas do britânico e de Valtteri Bottas, também da equipe alemã, nos campeonatos de 2019 e 2020. Mas passou mesmo a ser protagonista em 2021, quando a RBR cresceu e se tornou uma ameaça real na luta pelo título.
Em uma das temporadas mais intensas da história, Max se revezou com Hamilton na liderança do campeonato, e os dois chegaram a estar envolvidos em colisões marcantes em palcos sagrados do automobilismo, como em Monza, quando os dois saíram da prova. Antes, em Silverstone, Verstappen recebeu um toque de Hamilton e colidiu violentamente com o muro, abandonando.
Os dois chegaram rigorosamente empatados para a última corrida do ano, em Abu Dhabi. E o acidente de Nicholas Latifi na parte final, aliado à polêmica decisão do então diretor de provas Michael Masi, que permitiu que cinco retardatários ultrapassassem os líderes – quando a regra dizia que todos ou nenhum poderiam fazer isso, deixou os dois postulantes ao título juntos após o safety car com apenas uma volta para o fim da prova. Verstappen conseguiu ultrapassar Hamilton em final dramático e chegou ao topo da F1 pela primeira vez.
O jovem holandês até poderia ter imaginado que seria campeão na temporada de 2021, mas o equilíbrio mostrado na parte final dificilmente dava algum indicativo de que as temporadas seguintes seriam mais fáceis. Mas aquela ultrapassagem em Abu Dhabi revelou, na verdade, o início de uma nova era na Fórmula 1.